Mentes que visitam

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O JUIZ INVISÍVEL



Maria Angélica Carrard Benites*

Na iniciativa privada, o profissional que luta pelo incremento da sua remuneração logo 
obtém o título de empreendedor. Ao magistrado, por sua vez, imputa-se a ideia de que
suas necessárias equidade, sabedoria, abdicação, humildade retiram-lhe a faculdade 
de lutar, não pelo incremento, mas pela preservação de sua remuneração – aviltada, 
há seis anos, pela insuficiência e, posteriormente, ausência de reajuste.

A posição de não participação na Semana Nacional de Conciliação, como forma de 
protesto contra a desvalorização das carreiras da magistratura, não é negativa de 
jurisdição, tampouco merece o aplauso da sociedade – que é evidentemente lesada 
diante da suspensão da prestação célere e eficiente realizada cotidianamente pelos 
magistrados federais e trabalhistas em todo o país. Postura tal revela, isso sim, a 
visão que a sociedade tem da figura do juiz: um ser invisível. Não tem necessidades,
nem contas a pagar, nem pretensões de qualquer ordem; nada lhe é legitimado além 
do desejo desapegado de prestar a jurisdição do modo mais discreto possível, quase
inodoro. Não obstante a capacidade intelectual e técnica, de profissional não se
trata. Reclamar salário soa como heresia. Exatamente por isso, somente se lhe 
percebem a presença quando deixa de atuar. Infelizmente. O impacto da não 
realização de milhares de audiências de conciliação pelo Brasil afora deve ser visto 
como um convite à reflexão: Que juiz a sociedade quer ter?

Em tempos de mensalão, em que a cúpula do Poder Judiciário atua de forma 
televisionada, até o mais distraído cidadão consegue perceber a importância de 
termos juízes independentes, corajosos, instruídos e verdadeiramente 
comprometidos com o ideal de justiça. Aliás, ideal esse que tem um alto preço – 
todo juiz (de carreira, ao menos) é uma pessoa que dedicou muitas e muitas horas
de sua vida aos estudos; que vive em um certo grau de isolamento social, posto que
está sempre contrariando interesses; e que, por imposição constitucional, abriu mão,
definitivamente, de ser um empreendedor, pois, além de juiz, somente poderá exercer
um cargode professor. 
O sucateamento das carreiras da magistratura já está levando bons profissionais 
para outras bandas, deixando como legado um Poder Judiciário enfraquecido, despido
de sua melhor definição, que é a independência.

A forma como a magistratura vem sendo tratada pela sociedade, pelos poderes 
Executivo e Legislativo, é o próprio gol contra; contra os legítimos interesses de 
todos os cidadãos.

.*Juíza federal substituta, Vara do Juizado Federal Previdenciário de Passo Fundo

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

POR UMA NOVA GERAÇÃO DE EDUCADORES




Kátia R. Maffei dos Reis*


Falar sobre educação gera polêmica. Uma pessoa lhe pergunta sua profissão e você
responde: professor. Nesse momento, a expressão e os comentários de pena 
ganham a cena. Infelizmente, na opinião popular, professor é um trabalhador 
sofrido, injustiçado, que perdeu o respaldo e ainda recebe um salário miserável. 
Se assim fosse, a profissão já havia sido extinta. Afinal, por que continuar sendo 
professor se tudo é tão massacrante?

Acredito que essa ideia tão negativa começou a se propagar com notícias de 
violência contra o educador, com greves da classe, e pela má interpretação de 
algumas leis. As frases mais comuns são “professor não pode fazer nada”, 
“perdeu a autoridade”.

Comecei a trabalhar como professora há cinco anos, um ano depois de concluir 
licenciatura em Letras. Inicialmente, apenas no turno da noite, porque eu 
gerenciava uma loja durante o dia; três anos depois, consegui trabalho em mais 
uma escola. 
Deixei o comércio para ser somente professora, atividade com a qual me realizo. 
Ser educador não é esse caos que fomentam por aí. A verdade é que os alunos 
mudaram. Os estudantes de hoje são a geração Z, da tecnologia, da inovação, 
o que também pede educadores de uma nova geração. Não precisa ser da mesma 
faixa etária, aliás, nem é possível, mas no mínimo com uma cabeça Z.

É comum ouvir discursos como “no meu tempo os alunos eram melhores”. 
Acontece que esse tempo já foi. Agora, o tempo é outro. Precisamos aceitar que a 
evolução deve ser acompanhada. E que bom que os alunos mudaram. São eles os 
responsáveis por deixar nossa mente tão aberta. Ser professor dessa geração é ter 
privilégio de rejuvenescer todos os dias. É assim que eu me sinto. E isso não 
significa que eu não levo meu trabalho a sério. Pelo contrário. 
Sempre tenho minhas aulas bem elaboradas, exijo o empenho da gurizada, cobro 
muito diariamente, tudo é avaliado na minha aula: rendimento técnico, relações 
humanas, cumprimento de normas. 
Os adolescentes devem ter a consciência de que todos os atos geram alguma 
consequência. No entanto, tudo isso não precisa ser feito na base do berro, 
da ofensa, da régua, do grão de milho. Física ou verbal, violência gera mais 
violência. Isso não é novidade. Obviamente, sempre existem os dias difíceis, 
em que todas as tentativas de conduzir a aula parecem frustrantes. 
Há os momentos em que se faz necessário levantar o tom de voz e falar com 
firmeza, mas não com estupidez.

Dessa maneira é que se vai adquirindo respeito como professor. Precisamos parar
de arranjar desculpas: famílias mal estruturadas, leis polêmicas, salários não tão 
atraentes. Com certeza, esses fatores devem ser pensados, mas não é por isso que 
podemos desistir das nossas convicções. Cada um deve fazer a sua parte e jamais 
esquecer que a educação se constrói com base em bons exemplos.

*Professora especialista de língua portuguesa e literatura das redes 
particular e municipal de ensino, em Farroupilha (RS)

PARÁBOLA ATUALÍSSIMA



Um certo TIGRE, de nobre estirpe, vivia na floresta e infernizava as aldeias próximas. Aterrorizava as pessoas e atacava os animais dos currais. 
Por isso, o Sábio da região foi chamado para conversar com o TIGRE. Foi mostrado, então, ao felino que suas atitudes estavam totalmente erradas. Afinal, sendo de linhagem nobre, ele não podia agir assim. Convencido pelo Sábio, o TIGRE prometeu mudar totalmente seu comportamento; e assim o fez.
Passado algum tempo, o Sábio encontra o TIGRE todo machucado e maltratado. Desejando saber o motivo de sua desdita, o TIGRE relata ao Sábio que somente passara a se comportar como este lhe havia recomendado. E, desde então, até mesmo as crianças passaram a lhe maltratar, atirando-lhe pedras e paus, causando-lhe toda a sorte de machucados. 
Após ouvir o relato do TIGRE, o Sábio lhe diz: 

- Nobre Tigre, eu lhe disse que deveria ser bom e gentil, como um verdadeiro nobre; mas nunca lhe disse que deixasse de MOSTRAR OS DENTES, quando necessário.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A MANIPULAÇÃO DO CONSENSO

 
ZERO HORA 08 de novembro de 2012. ARTIGOS

Túlio Martins*

No Século de Péricles, a cidade de Atenas não tinha um governo semelhante 
ao que hoje vemos nas principais democracias do mundo, formado através da
eleição dos governantes pelo voto. No sistema de então, os representantes do
povo eram escolhidos entre a população pelo critério do sorteio. Quando algo
importante acontecia, os arautos espalhavam a notícia pela cidade, a 
Assembleia do Povo se reunia e todos podiam fazer uso da palavra. A função 
das grandes lideranças políticas, entre as quais Péricles, mas também Efialtes,
Temístocles e tantos outros, era argumentar junto à população tentando 
convencê-la a tomar uma ou outra decisão.

A sinceridade e o improviso dominavam os debates, pois havia pouco espaço
para articulações políticas, ocultação de informações ou troca de favores. 
A necessidade de cativar os ouvintes através de uma argumentação 
consistente fazia com que os principais atributos de um líder fossem a 
credibilidade e a capacidade de convencimento. As deliberações da 
administração – o Conselho dos Quinhentos – eram levadas à assembleia, 
que proferia a palavra final e decidia sobre as proposições das lideranças e, 
também, de qualquer um do próprio povo. 
O modelo político ateniense era tão sofisticado, que permitia, por tal processo,
que todo cidadão apresentasse, caso quisesse, propostas que deveriam ser 
discutidas pelos demais. Tomada a decisão, os arautos a comunicavam pelas
ruas, anunciando a deliberação como um ato da cidade e dos atenienses.

Contudo, o sistema corria o risco de inviabilizar-se se não houvesse um 
controle mínimo sobre a razoabilidade das proposições, evitando perda de 
tempo com ideias bizarras ou questões irrelevantes. A solução encontrada 
foi a aplicação de penalidades àqueles que abusassem do direito com tolices
ou sugestões disparatadas.

Um outro perigo era o controle da população, levada em algumas ocasiões a 
deliberar de forma inconsequente e emocional, deixando de lado convicções 
interesses em troca de uma expectativa irreal ou de falsas soluções. 
Este aspecto perverso da democracia era explorado de forma implacável por 
políticos que compreendiam facilmente as carências, fraquezas e aspirações 
das pessoas e tratavam de apenas agradar-lhes, prometendo qualquer coisa, 
sem o menor compromisso com a verdade. Os atenienses a um só tempo os 
amavam e os odiavam, sabendo que eram enganados, mas não conseguindo
resistir ao pensamento mágico e aos encantos daqueles que eram chamados
de demagogos.

Quase tudo o que somos originou-se na inteligência luminosa dos gregos, 
em seus sábios, médicos, filósofos, físicos, teatrólogos, poetas e 
matemáticos. Mas deles também herdamos a demagogia, que tanto mal causou
a Atenas e continua presente em qualquer cena política; o poder sem escrúpulos,
alcançado e exercido pela simples manipulação do consenso, é uma ameaça 
permanente que somente pode ser enfrentada através da autocrítica e do 
reconhecimento sincero de nossas próprias fraquezas.


*Desembargador



Manual diário

Saúde:
1.  Beba muita água
2.  Coma ao café da manhã como um rei, ao almoço como um príncipe e ao jantar como um pedinte;
3.  Coma o que nasce em árvores e plantas, e menos comida produzida em fábricas;
4.  Viva com os 3 E's: Energia, Entusiasmo e Empatia;
5.  Arranje tempo para orar;
6.  Jogue mais jogos;
7.  Leia mais livros do que leu no ano anterior;
8.  Sente-se em silêncio pelo menos 10 minutos por dia;
9.  Durma 8 horas por dia;
10. Faça caminhadas de 20-60 minutos por dia, e enquanto caminha sorria.

Personalidade:
11.  Não compare a sua vida a dos outros. Ninguém faz idéia de como é a caminhada dos outros;
12.  Não tenha pensamentos negativos ou coisas de que não tenha controle;
13.  Não se exceda. Mantenha-se nos seus limites;
14.  Não se torne demasiadamente sério;
15.  Não desperdice a sua energia preciosa em fofocas;
16.  Sonhe mais;
17.  Inveja é uma perda de tempo. Tem tudo que necessita....
18.  Esqueça questões do passado. Não lembre seu parceiro dos seus erros do passado. Isso destruirá a sua felicidade presente;
19.  A vida é curta demais para odiar alguém. Não odeie.
20.  Faça as pazes com o seu passado para não estragar o seu presente;
21.  Ninguém comanda a sua felicidade a não ser você;
22.  Tenha consciência que a vida é uma escola e que está nela para aprender. Problemas são apenas parte do curriculum, que aparecem e se desvanecem como uma aula de álgebra, mas as lições que aprende, perduram uma vida inteira;
23.  Sorria e gargalhe mais;
24.  Não necessite ganhar todas as discussões. Aceite também a discordância;

Sociedade:
25.  Entre mais em contato com sua família;
26.  Dê algo de bom aos outros diariamente;
27.  Perdoe a todos por tudo;
28.  Passe tempo com pessoas acima de 70 anos e abaixo de 6;
29.  Tente fazer sorrir pelo menos três pessoas por dia;
30.  Não te diz respeito o que os outros pensam de você;
31. O seu trabalho não tomará conta de você quando estiver doente. Os seus amigos o farão. Mantém contato com eles.

A Vida:
32.  Faça o que é correto;
33.  Desfaça-se do que não é útil, bonito ou alegre;
34.  DEUS cura tudo;
35.  Por muito boa ou má que a situação seja.... Ela mudará...
36.  Não interessa como se sente, levanta, se arruma e aparece;
37.  O melhor ainda está para vir;
38.  Quando acordar vivo de manhã, agradeça a DEUS pela graça.
39.  Mantenha seu coração sempre feliz.

Por último:
40.   Envia para aqueles que você ama!!!

A vida se renova todo ano, todo dia, todo instante. Apesar de tudo....

RESGATE


Durante a 2ª Guerra Mundial, Irena conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações. Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazistas relativamente aos judeus (sendo alemã!). 
Irena trazia crianças escondidas no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de sarapilheira na parte de trás da sua caminhonete (para crianças de maior tamanho). 
Também levava na parte de trás da caminhonete um cão, a quem ensinara a ladrar aos soldados nazis quando entrava e saia do Gueto. Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruído que os meninos pudessem fazer. 
Enquanto conseguiu manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças. 
Por fim os nazistas apanharam-na. Souberam dessas atividades e em 20 de Outubro de 1943Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a infame prisão de Pawiak, onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha, encontrou uma pequena estampa de Jesus com a inscrição: Jesus, em Vós confio”, e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.
Ela, a única que sabia os nomes e moradas das famílias que albergavam crianças judias, suportou a tortura e negou-se a trair seus colaboradores ou as crianças ocultas. Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Já recuperada, foi no entantocondenada à morte
Enquanto esperava pela execução, um soldadoalemão levou-a para um "interrogatório adicional". Ao sair, ele gritou-lhe em polaco: "Corra!".
Esperando ser baleada pelas costas, Irena contudo correu por uma porta lateral e fugiu, escondendo-se nos becos cobertos de neve até ter certeza que não fora seguida. No dia seguinte, já abrigada entre amigos, Irena encontrou o seu nome na lista de polacos executados que os alemães publicavam nos jornais. 
Os membros da organização Żegota("Resgate")tinham conseguido deter a execução de Irena, subornando os alemães e Irena continuou a trabalhar com uma identidade falsa.
Irena mantinha um registo com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, que guardava num frasco de vidro enterrado debaixo de uma árvore no seu jardim. 
Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a família. A maioria tinha sido levada para as câmaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais, ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adotivos. 
Em 2006 foi proposta para receber o Prêmio Nobel da Paz... mas não foi selecionada. Quem o recebeu foi Al Gore por sua campanha sobre o Aquecimento Global.
Não permitamos que alguma vez esta Senhora seja esquecida!! 

Estou transportando o meu grão de areia, reenviando esta mensagem. Espero que faças o mesmo.
Passaram já mais de 60 anos, desde que terminou a 2ª Guerra Mundial na Europa. Este e-mail será reenviado como uma cadeia comemorativa, em memória dos 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos(inclusive 1900 sacerdotes católicos ), 500 mil ciganos, centenas de milhares de socialistas, comunistas e democratas e milhares de deficientes físicos e mentais e que foram assassinados, massacrados, violados, mortos à fome e humilhados, com os povos do  mundo muitas vezes olhando para o outro lado... 
Agora, mais do que nunca, com o recrudescimento do racismo, da discriminação e os massacres de milhões civis em conflitos e guerras sem fim em todos os continentes, é imperativo assegurar que o Mundo nunca esqueça.  Gente como Irena Sendler, que salvou milhares de vidas praticamente sozinha, é extremamente necessária.

"A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância.
Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade." - Irena Sendler
 "Qualquer coisa que você aceite plenamente o conduzirá à paz.”
Eckhart Tolle
 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

COMO FAZER PEDIDO ANÔNIMO DE INFORMAÇÃO PÚBLICA?


O ESTADO DE SÃO PAULO, 20/12/2012

Públicos


Site permite fazer pedido anônimo de informação pública




Membros da Transparência Hacker (THacker) criaram um método para resolver 
um problema enfrentado por muita gente: a identificação do autor do pedido de 
informação.

A Lei de Acesso, em seu artigo 10., obriga a “identificação do requerente”, e há 
diversas situações de gente que não pode se identificar por algum motivo. 
São comuns, por exemplo, casos de servidores que sabem de alguma irregularidade
em um órgão público e precisam de informações oficiais para comprová-las, mas 
não podem se expor por medo de represálias de seus superiores.

Em cidades menores, sobretudo, há o temor do coronelismo e de perseguições 
políticas, vícios dos quais infelizmente ainda não conseguimos nos livrar.

A excelente notícia é que, dentro das regras do jogo, os ativistas da THacker 
conseguiram achar uma forma de driblar a lei: criaram o Adote um Pedido, um site
que possibilita que alguém cadastre de forma completamente sigilosa um pedido 
que gostaria de fazer, porém, por algum motivo, não pode. 
De outro lado, permite que outras pessoas visualizem o banco de pedidos e que o 
pedido seja adotado. 
Neste caso, a segunda pessoa faz o pedido como se o questionamento fosse dela.

Enfim, vão ao site e vejam com seus próprios olhos! Adotem pedidos, ajudem a 
divulgar a iniciativa.
(Fernando Gallo)


Como funciona o Adote um Pedido?

Você registra o seu pedido preenchendo apenas três simples campos e pronto! 
Simples, huh? 
Os pedidos de informação colocados para adoção são publicados imediatamente
em uma lista e qualquer cidadã(o) pode comentá-lo. E mais do que isso: alguém 
pode simpatizar com o seu pedido e encaminhá-lo ao órgão responsável pela 
resposta por meio da plataforma Queremos Saber. 
É importante que você não coloque informações muito específicas que possam 
facilitar a identificação da fonte (provavelmente, você) pelo conteúdo do texto. 

Para que serve o recurso de comentários?

O recurso de comentários permite que outras pessoas enriqueçam o pedido 
original com outras considerações, e que melhorem a redação para torná-lo mais
potente. Uma boa redação é condição necessária para que o órgão público tenha
clareza do que deverá responder a(o)cidadã(o). 
Há órgãos que darão respostas excelentes, e outros que darão a pior resposta 
possível, degradadas, incompletas, saindo pela tangente (sinal de que o pedido 
incomodou!). 

O que é o Queremos Saber?

O Queremos Saber é uma plataforma livre para pedidos de informação pública. 
Por meio dela, qualquer cidadão pode encaminhar publicamente pedidos de 
informação pública para os órgãos responsáveis, cujas respostas também serão 
públicas. Assim, todo mundo fica sabendo o que (e se) os órgãos públicos estão 
respondendo, e não apenas a pessoa que realizou o pedido de informação, 
que é o caso dos Serviços de Informação ao Cidadão (SIC) criados pelos 
governos no Brasil.

Por que garantir o sigilo dos "doadores" de pedidos?

Coronelismo, patrimonialismo, perseguição política por chefes que temem a 
revelação de verdades inconvenientes...

Às vezes temos um certo receio de como as nossas palavras serão interpretadas
pelas outras pessoas. Ainda mais quando essa "outra pessoa" é responsável pelo
orgão de algum Governo que ainda está no Feudalismo, com práticas 
não-republicanas, não-transparentes e não-democráticas.

O Adote um Pedido proporciona uma forma de criar um pedido de informação 
pública de forma completamente sigilosa. Você pode pedir, virtualmente, qualquer
informação pública. 

O quanto isso é sigiloso?

Todo o processo é sigiloso. Você não precisa criar nenhum cadastro, 
seja para criar um pedido ou para comentar!

Além disso, o Adote um Pedido foi desenvolvido com tecnologia capaz
de garantir que nenhuma informação que permita rastrear os 
"doadores" de pedidos ou os comentaristas seja armazenada. Nenhuma!
Nem endereço IP, nem horário de envio: n-a-d-a!

É isso que garante a privacidade de pessoas que sabem da existência de
informações interessantes que deveriam estar disponíveis publicamente,
mas sentem-se de alguma maneira constrangidos a fazer o pedido em
seus próprios nomes.

Dessa forma, ninguém consegue fazer o caminho inverso e descobrir de
quem ou de onde veio a ideia original do pedido. Fazer um pedido de 
informações, afinal, é diferente e fazer uma denúncia ou de manifestar 
o pensamento: trata-se de uma pergunta, não de uma afirmação.

Além de tudo isso, o Adote um Pedido foi desenvolvido como software
livre e está disponível no GitHub, o que permite a qualquer pessoa 
possa auditar o código-fonte ou instalar outra versão em qualquer lugar do mundo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Burrice deve ser uma ciência...


“Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia  na  Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai,  o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas. 
O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: 
 “Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável. Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência  que  demonstrou  hoje,  deve  ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos.  O talento assusta!... Ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil. A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Isso na Inglaterra. Imaginem aqui no Brasil. 
Não é demais lembrar a famosa trova de Antonio Alexo, poeta português: “Há tantos burros mandando em homens de inteligência que às vezes fico pensando que a burrice é uma ciência.”
Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições.  Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displiscentes que não revelam o apetite do poder. Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por  onde talentosos não conseguem passar. 
 Somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir-se de burra, se quiser vencer na vida. É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social. Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência,  por medo de perder seus maridos,  também os encastelados  medíocres se  fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar. Eles  conhecem  bem  suas  limitações,  sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas. 
Enfim, na mesma medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas,  os  medíocres  os  repudiam  para  se  defender. Infelizmente temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. 
Como é sábio o  velho conselho de Nelson Rodrigues:  
Finge-te de idiota e terás o céu e a terra. O problema é que os inteligentes gostam de brilhar. 
Outro problema é que nem sempre o Poder é fruto da inteligência e o mundo vai de mal a pior...
Que Deus nos proteja.
Autor desconhecido

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

AMIGOS SECRETOS




Oscar Bessi Filho 


Toda vez que enfrento – sim, a gente enfrenta, pois é um desafio de escolha,
tempo e preço compatível – esse tal de amigo secreto, contemplo a abertura
dos presentes e fico matutando como acontece aquele ritual noutras rodas. 
Sou curioso. Entre meus amigos, há um combinado de presentes a dérreal, etc.
Não se vai muito além. Que a gente ainda tem filhos, impostos, festas, colégios,
confraternizações e todo aquele estresse de final de ano. Que não acaba nem 
no ano que era para o mundo acabar. Enfim. Minha maior dúvida é o que dar 
de presente. Ainda mais para homens. Mas há situações piores. Como deve 
ser o amigo secreto, por exemplo, entre os parceiros num esquema de desvio 
de dinheiro público?

Numa mansão qualquer, com segurança privada “top”, eles degustam um 
champanhe (não espumante, essa coisa nacional e barata) e brindam. 
Foi um bom ano. Entre escândalos e CPIs, saíram todos vivos. Ou eleitos. 
E com mais contas na Suíça. Na hora do amigo secreto, o primeiro a abrir o
 presente ganha uma rodovia para asfaltar. Com um jogo de pedágios. 
Os outros aplaudem e ensaiam um “óh!”. Novo amigo secreto, novo presente.
O sujeito afrouxa a gravata e abre o pacote. É um kit educação com duas 
escolas para construir, uma rede de creches para abastecer com merenda e
 uns índices de previdência para tirar no salário dos professores. 
Aplausos. Vivas. 
Outro, ganha um lote de concessões para a Copa. Inclui até o merchan da 
birita liberada nos estádios. A noite segue e ainda surgem umas compras de
saúde pública, licitações com empreiteiras douradas, lista fantasma para 
desviar bolsa-família, etc. Encabulado, o último diz que não teve muito tempo
 para procurar, mas conseguiu umas cuecas e meias de fundo falso. 
Aplausos tímidos. 
Pô, isto até vereador consegue, cochichou um dos presentes.

Agora, não quero nem pensar em como é o Natal no núcleo de comando do
PCC. O que eles bebem e o que eles ouvem. Muito menos quem paga a festa.
Os presentes? Macabros. Dizem que um dos líderes recebeu uma cabeça de
policial. E quem mandou nem foi gente do PCC. Foi de um bando muito, mas
muito maior. Outro amigo secreto que eu não queria nem chegar perto é o 
daquela torcida organizada do Grêmio, que fez fiasco na inauguração da 
Arena. Eles sempre brigam no final. Nem que seja com eles mesmos.

Aliás, alguém aí pode convidar é o Papai Noel para um amigo secreto. 
Que tal? O sujeito só dá, dá, dá presente e não recebe nada. Uma injustiça.
 E que mal há, caro leitor, se eu acredito em Papai Noel? Eu ainda creio num
 combate às drogas e a violência em nosso país. Papai Noel é café pequeno.

domingo, 16 de dezembro de 2012

O PUDOR IRREVELADO

Joaquim Moncks

Assustado acordo
num lampejo da madruga
e ouço sons, gemidos
não definíveis.
Arde-me o motivo
de corpo ausente.
A saudade é um sino
que solapa o entorno.

O acalanto enrijece o ventre
e o prazer nunca deixa
que o vazio remeta a silhueta
ao esquecimento.
Estás rediviva
– asas de labaredas –
entre minhas pernas,
ereta de desejos.

Mais vivaz do que nunca
o corpo nu
aconchega o cansaço
e abraça o travesseiro.
Sonha-me a noite
despida de pudores.

– Do livro QUINTAIS DO MISTÉRIO, 2012.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Em Seu Benefício


Não  se  agaste  com  o  ignorante;  certamente,  não  dispõe  ele das oportunidades que iluminaram seu caminho. 

Evite  aborrecimentos  com  as  pessoas  fanatizadas;  permanecem  no  cárcere  do  exclusivismo  e  merecem  compaixão  como qualquer prisioneiro.

Não se perturbe com o malcriado; o irmão intratável tem, na maioria das vezes, o fígado estragado e os nervos doentes.

Ampare o companheiro inseguro; talvez não possua o necessário, quando você detém excessos.

Não se zangue com o ingrato; provavelmente, é desorientado ou inexperiente.

Ajude ao que erra; seus pés pisam o mesmo chão e, se você tem possibilidades de corrigir, não tem o direito de censurar.

Desculpe o desertor; ele é fraco e mais tarde voltará à lição.

Auxilie o doente; agradeça ao Divino poder o equilíbrio que você está conservando.

Esqueça o acusador; ele não conhece o seu caso desde o princípio.

Perdoe ao mau; a vida se encarregará dele.

(Em Seu Benefício - Livro Agenda Cristã - Mensagem de André Luiz - psicografia de Chico Xavier) 

Educação - O Futuro do caos


Não conheço nenhum País que tenha saído da pobreza sem investir maciçamente na educação de seus filhos.
 
O Brasil, salvo poucas exceções, vem se destacando negativamente nesta área tão importante para o futuro de todos. A cada ano, apesar das tentativas - frustradas - de melhoria no ensino, o resultado tem sido decepcionante. Vejamos o resultado:
 
Ensino Superior - MEC reprova 36,3% dos 4.819 cursos de ensino superior avaliados; 1.752 das 30 áreas tiraram 1 ou 2;
 
Ensino médio: Os dados do desempenho por escola no ENEM revelam que 74,3% das instituições de ensino tiraram notas inferiores à média obtida pelos estudantes no país - que foi de 50,52 pontos em 100 possíveis. Esse percentual representa um conjunto de 19.354 instituições - outras 13 ficaram na média. Superaram a média nacional 6.651 colégios, em um total de 26.018.
 
 Pergunta-se: Qual o motivo da queda de qualidade, e o que se pode esperar destes resultados? Porque algumas escolas conseguem resultados relevantes? O que fazer se a qualidade do ensino não melhora em curto prazo?
 
Qual o motivo e o que se pode esperar destes resultados?
 
Vários são os motivos do baixo aproveitamento escolar. Podemos destacar alguns: a falta de ação familiar na educação e no acompanhamento escolar de seus filhos; a transferência de responsabilidade educacional e disciplinar, por parte dos pais, para as escolas; a atitude de não impor limites aos menores  e negando-lhes responsabilidades; a influência negativa de apelos de toda a ordem, por parte de alguns meios de informação; a valorização de procedimentos e atitudes irresponsáveis como se fossem normais; a retirada da autoridade dos educadores; a criação de leis que valorizam o “direito” em detrimento do “dever”; a pouca motivação dos educadores face aos baixos salários; a excessiva influência político-partidária dentro das escolas, deixando o ensino em segundo plano.
 
Não poderíamos esperar resultados positivos quando os alunos colocam o estudo num plano secundário, influenciados por todos estes fatores. O que vemos hoje é um crescente número de alunos desinteressados e desmotivados pelo estudo. O mesmo vem acontecendo com muito professores que não tem seu trabalho valorizado pela sociedade.

Porque algumas escolas conseguem resultados relevantes?
 
Não são necessárias grandes pesquisas para descobrir as causas de bons resultados alcançados por algumas escolas: elas dão aos alunos as noções de atitudes certas e erradas, punindo aqueles que optam pelas segundas; conscientizam  pessoas de sua responsabilidades individual, sobre o resultado de ações próprias e coletivas; mostram que o futuro de cada um é resultado de suas ações, e que todo o conhecimento que puder adquirir somente irá beneficiar a todos futuramente, dando-lhes melhores condições de sobrevivência, e a seus dependentes. Essas escolas exigem o acompanhamento familiar nos resultados de avaliação dos alunos e valorizam os professores através de rem uneração mais justa, através da melhoria da qualificação dos mesmos proporcionando-lhes a atualização tecnológica e social. Essas escolas bem sucedidas são comprometidas com a discussão da cidadania como um todo, com direitos e deveres sociais, e bem menos com políticas partidárias. Dentro da escola a prioridade de todos deve ser o ensino.
 
O que fazer, em curto prazo, para melhorar a qualidade do ensino?
 
É muito difícil “quebrar hábitos arraigados”. Para tanto, é necessário que haja muita “vontade política” e aceitação de todos.  A aplicação dos recursos destinados a educação é primordial o que não acontece há anos. A partir daí, é necessário que haja um grande mutirão educacional com a finalidade de alertar e responsabilizar as famílias pela atividade de disciplinar os filhos, deixando à escola o dever de distribuir o conhecimento e melhoria das qualidades técnicas dos alunos. Para isto, no entanto,  urge que sejam aprimoradas e revogadas leis federais que oferecem direitos excessivos a quem não tem noção d e deveres pessoais.  Observamos, na prática e nas estatísticas,  os resultados são nefastos, principalmente entre os jovens. É necessário que nossas crianças tenham limites sociais, que lhes seja cobrada a responsabilidade pelos seus atos desde muito cedo.
 
Hoje estamos cansados de saber, através de noticiários e conversas com amigos, que professores são responsabilizados por pais de alunos, e também por estes, dos maus resultados escolares obtidos como causas de violência cometida contra professores de nossas escolas.
 
O professor não mais merece o respeito da sociedade que, além de remunerá-lo mal, exige que dê aos alunos a formação moral que deveria ser recebida em casa. Todos os maus resultados dos alunos são credenciados aos professores que, não várias vezes, são penalizados por todos se tentarem exigir de seus alunos resultados positivos ou disciplina intelectual.
 
Com está situação estamos vendo um número maior de jovens formados não desejarem seguir a carreira do magistério. Se não agirmos com urgência, em breve teremos uma carência abissal de docentes e uma sociedade com parcos conhecimentos. E então não teremos volta, visto que para formar um bom aluno não se leva menos do que vinte anos.
 
Se não tomarmos uma atitude agora, será o futuro do caos.

Edu Caldeira  Antunes