Mentes que visitam

quinta-feira, 26 de março de 2015

Escreva, cresça e apareça. Ou: escrever faz você e a sociedade evoluirem

Um dos escritores que eu mais gosto, o Nietzsche, publicou: “Escreve com sangue e aprenderás que sangue é espírito.”.
Isto é, escreve com amor, escreve o que acredita, escreve o que viveu e aprendeu, então transformarás palavras em vida. É que as palavras transformam as pessoas. Este é, pois, um caminho fantástico para alcançar o sucesso próprio e coletivo: escrever.
Imagine todo o tempo que você gasta estudando e todas as dores que você passa na vida. Você não acha que a sociedade deve usufruir de todas estas experiências? Não acha que o mundo merece saber o que você tem a dizer?
Aconselho sempre: não sejamos meros espectadores da vida, mas participantes ativos que contribuem com a produção e o acúmulo de informações. Além do mais, aparecer é necessário.
Agora pensemos no desafio de onde publicar. Como ser visto. Pensando nisto comecei, há alguns meses, a publicar no JusBrasil.
Por que não publicar num lugar onde 1 (um) milhão de pessoas acessam todos os dias? Depois daqui, é sempre um prazer acessar este portal e ver os votos, os comentários e os e-mails com dúvidas e conselhos para a melhoria dos textos. Sem contar na responsabilidade que isto gera, pois é preciso tempo e dedicação para trazer assuntos relevantes e dizer algo que nem sempre seja óbvio.
Estou convicto que escrever é um ato de imensa responsabilidade, um exercício de cidadania e um passo gigante para uma carreira de sucesso. Com textos e comentários a gente se constrói e construímos o próximo; e é impossível que desta relação não tenhamos uma sadia e magnífica convivência nesta formosa Casa Comum chamada Sociedade.

Não culpe ninguém pelo seu fracasso


É bastante comum as pessoas atribuírem o insucesso a motivos que lhes são externos: famílias, governos, instituições etc. Essa mentalidade retrata uma transferência de responsabilidade que na maioria das vezes serve de justificativa para os nossos fracassos. Culpar alguém é muito melhor que assumir a culpa. Esse pacto de mediocridade interpessoal faz com que muitos se utilizem da cruel vitimização para dar respostas a uma vida sem brilho, sem projetos, sem realização.
Ao culparmos os outros por nossas desventuras, estamos atribuindo a eles a responsabilidade sobre o nosso insucesso. Isso de fato é bastante cômodo porque não exige uma investigação sobre as causas e muito menos uma ação concreta no sentido de superar aquele estado de inércia. Se fracassamos, a culpa é do professor, do pai, do vizinho, do político, quem sabe até da cegonha. Nesse contexto nos permitimos enveredar pelo ciclo vicioso da zona de conforto.
E haja culpados para tanto fracasso. Será uma existência inteira de lamentações. Pior ainda para quem vai ter que ouvir e conviver com esse rosário de lamúrias. Com certeza vocês já partilharam do convívio de pessoas que preferem valorizar suas desgraças a lutar para transformar as realidades que lhe são adversas. Apontam seus culpados, ao contrário de perceberem que são eles próprios, na maioria das vezes, a razão de seus infortúnios. Esquecem-se da lição básica de avaliar os seus erros, de reconhecer suas omissões. Tornam-se algozes de si mesmos, atiram-se no abismo de suas desventuras.
Dessa tragédia do conformismo cego, devemos colher boas lições. Uma delas é percebermos que se fracassamos, parcela ou quase totalidade desse fatídico resultado, advém dos nossos próprios erros. Faltou-nos coragem e audácia. Deixamos de enxergar o mundo pelas possibilidades e optamos por aceitar os horizontes sombrios de uma existência pífia, morna e amorfa.
Talvez alguns de vocês tenham a vontade de me dizer que o que ora escrevo não tem sentido, pois desconheço sua história pessoal. Mais ou menos isso: “Se você soubesse como é a minha vida, com certeza me daria razão...” Lamento desapontá-lo mas mesmo a meio das maiores intempéries e dos invernos existenciais pelos quais você passa, nada justifica o fracasso que se ampara no imobilismo, na ausência de ação, na aceitação imotivada.
Já disse antes e repito: Nascemos para a vitória. Basta que façamos as escolhas certas. Isso, entretanto, impõe trabalho, determinação e foco. Muito mais ainda nos exige amor próprio e vontade de construir uma história diferente, motivada pela singularidade que é peculiar à nossa própria existência; somos únicos e há em cada um de nós uma inarredável vocação para a vida em plenitude. Vida que viceja vida. Vida que se dinamiza, se transforma e se renova.
Por isso, antes de atribuir a alguém seus fracassos, olhe para dentro de si mesmo e se redescubra como um ser capaz de superar o comodismo, as limitações. Siga em frente como quem olha o mundo com os olhos de criança. Um olhar de quem sonha e acredita, de quem supera os obstáculos pela fé e pela certeza de que aqui estamos, fruto de uma vontade sublime e divina, para construir uma grande história. Não deixe, portanto, de ser o ator principal da sua vida.

segunda-feira, 23 de março de 2015

10 passos para dormir melhor (e render mais durante o dia)

10 passos para dormir melhor e render mais durante o dia



Para quem vive na correria, ter uma boa noite de sono vale ouro. Mas, uma vez que a rotina se estabelece, fica difícil enxergar formas de melhorar a qualidade do descanso noturno. Por isso, é importante ficar de olho no próprio comportamento e estar disposto a alterar alguns hábitos prejudiciais à saúde.
De acordo com a médica Fernanda Haddad, coordenadora do Departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, para ter um sono de qualidade, é preciso atingir adequadamente as duas fases principais, não-REM e REM.
“Não dormir o número adequado de horas por noite e ter distúrbios do sono podem causar fadiga, cansaço, sonolência diurna e sensação de sono não reparador, com impacto desfavorável no rendimento diário e na qualidade de vida”, afirma.
Como no dia 14 de março é celebrado o Dia Mundial do Sono, a especialista indica alguns passos para que se tenha mais disposição ao longo do dia e consiga recarregar as baterias durante a noite.
1- Verifique se seu colchão e travesseiro estão bons
Se você acorda com dores musculares ou nas costas, talvez seja hora de trocar de colchão ou de travesseiro. Para que o sono seja satisfatório, é preciso que o corpo esteja em um ambiente confortável. E o tipo de cama varia de pessoa para pessoa.
2- Preste atenção na sua respiração
Não adianta dormir 8 horas todas as noites se você tem algum problema respiratório do sono. O cansaço vai persistir. “Os principais sintomas diurnos dos pacientes que apresentam distúrbios respiratórios do sono são a sonolência diurna, problemas de concentração e de memória, irritabilidade, dentre outros”, afirma a especialista.
Fernanda ainda afirma que muitas pessoas podem ainda sofrer com despertares durante a noite, micção involuntária, acordar com o próprio ronco ou até acordar com engasgo. Se apresentar alguma dessas características, o melhor é buscar um médico.
3- Tenha horários regulares
De acordo com a médica, ter horários regulares ajuda bastante a criar uma rotina de bom sono. Um adulto precisa, em média, de 7 a 9 horas de descanso por noite e uma rotina que possibilite essa pausa faz toda diferença no dia seguinte. O ideal é ir dormir e acordar sempre na mesma hora, para que o corpo se adapte e não demore demais a desligar.
4- Prepare o quarto
Deixar o quarto escuro e silencioso ajuda bastante no relaxamento para ter uma noite tranquila. Se houver luz dentro do quarto, seja de uma TV, seja de um celular, o organismo entenderá que é dia e o cérebro poderá parar de produzir a melatonina, hormônio que controla o relógio biológico.
5- Evite beber álcool ou produtos com cafeína antes de deitar
As bebidas cafeinadas, como o café, refrigerantes, chá preto e mate, e as alcoólicas atrapalham o sono e, por isso, não é recomendado o consumo antes de dormir. Além delas, comer demais ou ingerir alimentos pesados também pode prejudicar a qualidade do descanso.
6- Chega de TV, celular e computador na cama
Se quiser ter um sono melhor, será preciso renunciar ao hábito de verificar as últimas novidades das redes sociais ou de assistir àquele filme na TV, pelo menos 30 minutos antes da hora programada para dormir. Esse tempo é necessário para que o corpo comece a relaxar e deixe o cansaço natural bater na hora certa.
7- Faça atividades relaxantes antes de ir para a cama
Depois de dar um tempo nos aparelhos tecnológicos, os 30 minutos antes de dormir devem ser dedicados ao relaxamento. Deixar a luz do ambiente mais baixa, ler algo agradável e leve, meditar ou tomar um banho são algumas atitudes que ajudam a dissipar a agitação do dia.
8- Durante o dia, exercite-se e tenha uma boa alimentação
A médica Fernanda Haddad também recomenda fazer exercícios físicos com frequência, para gastar a energia do corpo e manter a saúde. Mas é importante saber que as atividades físicas devem ser feitas, idealmente, ao longo do dia, e não em horário próximo ao recolhimento, para que o corpo tenha tempo suficiente para se acalmar sem atrapalhar o sono.
9- Controle o estresse
A rotina corrida traz, muitas vezes, não só o cansaço físico, mas também o estresse mental, mas é preciso ter plena consciência de que a sobrecarga do dia pode se refletir entre os lençóis, prejudicando o descanso. Para não deixar que isso aconteça, é necessário refletir bem sobre a própria vida e, se necessário, procurar um psicólogo ou psiquiatra que ajude a lidar com o problema.
10- Cochile depois do almoço, se for preciso
Se a noite de sono não foi suficiente, a médica afirmou que pode ser benéfico tirar um breve cochilo depois do almoço. A soneca pode ajudar a recarregar as baterias, mas é válido ter em mente que ela não resolve o problema central, do sono desregulado.
“Infelizmente, hora de sono perdida não é recuperada, principalmente, quando isso se torna um hábito. O melhor é reavaliar e readequar a rotina”, diz. Segundo Fernanda, a pausa da tarde deve durar de 30 a 40 minutos, no máximo, pois, se for mais longa, pode prejudicar o sono da noite e complicar ainda mais o quadro.

domingo, 22 de março de 2015

Mensagem do Papa Francisco


Não chore pelo que você perdeu, lute pelo que você tem.
Não chore pelo que está morto, lute por aquilo que nasceu em você.
Não chore por quem o abandonou, lute por quem está a seu lado.
Não chore por quem o odeia, lute por quem o quer feliz.
Não chore pelo seu passado, lute pelo seu presente.
Não chore pelo seu sofrimento, lute pela sua felicidade.
Não é fácil ser feliz, temos que abrir mão de várias coisas, fazer escolhas e ter coragem de assumir ônus e bônus para ser feliz.
Com o tempo vamos aprendendo que nada é impossível de solucionar, apenas siga adiante com quem quer e luta para estar com você.
Se engana quem acha que a riqueza e o status atraem a inveja...
as pessoas invejam mesmo é o sorriso fácil, a luz própria, a felicidade simples e sincera e a paz interior...


[Papa Francisco]


Maravilhosos cabelos prata

Eu nunca trocaria os meus amigos surpreendentes, a minha vida maravilhosa, a minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa.  Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Eu tornei -me o meu próprio amigo...  Eu não me censuro por comer um cozido à portuguesa ou uns biscoitos extra, ou por não fazer a minha cama, ou para a compra de algo supérfluo que não precisava. Eu tenho direito de ser desarrumado, de ser extravagante? e livre.
Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.
Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar no computador até às quatro horas e dormir até meio-dia? Eu Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 & 70, e se eu, ao mesmo tempo, desejo chorar por um amor perdido... Eu vou.
Vou andar na praia com um calção excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros no jet sky. Eles também vão envelhecer. 
Eu sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado.  Como não pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro?  Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.
Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.
Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata. 
Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo.  Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errado. Assim, para responder s ua pergunta, eu gosto de ser idoso. 
A idade me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei.  Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será.  E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer).
Que nossa amizade nunca se separe porque é direto do coração!

terça-feira, 17 de março de 2015

A corrupção no cenário brasileiro

Publicado por Clarissa Tonini -

A corrupo no cenrio brasileiro

Introdução

Dentre as inúmeras variáveis que favorecem a perpetuação da corrupção no Brasil está a enorme distância entre a lei e realidade da população brasileira. De fato, a realidade da efetivação das garantias constitucionais está bem distante para aqueles que até possuem cidadania "política", mas sequer estão próximos de atingir de fato a cidadania "civil". Para estes que estão à margem da sociedade brasileira, a lei é uma realidade distante. O presente artigo tem como finalidade expor os fatos que levaram a inserção e a legitimação da corrupção no Brasil tendo como amparo o modelo desigual de acesso à justiça aos menos favorecidos.

O papel da apatia política da sociedade como forma de legitimação da corrupção no Brasil

A corrupção decididamente não é um fato que surgiu nos últimos anos, na verdade está presente no Brasil há muitos séculos e acompanha desde então as discussões em todos os âmbitos do país. Segundo Emerson Garcia, a corrupção, em seus aspectos mais basilares, reflete a infração de um dever jurídico posicional e a correlata obtenção de uma vantagem indevida (Garcia, 2011, p.1).
Portanto, a corrupção é uma velha conhecida da sociedade brasileira, desde a época do império passando pela República e Era Getúlio até os dias atuais, conforme descrito por Carvalho no seguinte fragmento de texto,
No século XIX, os republicanos acusavam o sistema imperial de corrupto e despótico. Em 1930, a primeira república e seus políticos foram chamados de carcomidos. Getúlio Vargas foi derrubado em 1954 sob acusação de ter criado um mar de lama no Catete. [...] (Carvalho, 2009, p.1)
Logo, desde sempre a corrupção vagueia pelos meandros da nossa sociedade, atingindo todos os tipos de classes sociais, sobretudo as menos favorecidas.
Infelizmente existe um abismo muito grande entre a lei, ou seja, aquela que está positivada na Constituição da Republica Federativa do Brasil e a realidade das classes sociais menos favorecidas, que sobremaneira não tem acesso a cidadania e justiça na prática.
Este também é um problema que permeia a história do Brasil, conforme citado por Carvalho:
Até a metade do século XX, para quase toda a população rural, que era majoritária, a lei do Estado era algo distante e obscuro. O que essa população conhecia bem era a lei do proprietário. (Carvalho, 2009, p.2)
Na verdade, sempre foi assim, aqueles que têm maior poder de troca, a favor da maquinaria capitalista são favorecidos e tem acesso à justiça, já aqueles que não contribuem para a reprodução do capital têm pouco ou nenhum acesso à justiça e menos ainda direito de requerer participação política.
Faz se mister aqui ressaltar a importância de separar dois significados de acesso à justiça: primeiramente como acesso ao poder judiciário e em segundo como acesso à justiça como valor. Logo, conforme os ensinamentos de Mauro Cappelletti, acesso à Justiça é (1988, p.8)
[...] o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. [...] deve ser igualmente acessível a todos [...].
Por conseguinte, conforme visto ao longo da história do Brasil, desde os primórdios, sempre existiram aqueles que têm "verdadeiro" acesso à justiça e aqueles que não sabem sequer seus direitos, muito distantes de ter efetivo acesso à justiça.
Carvalho (2009, p.2) destaca a distorção da semântica de “agente da lei” em diferentes âmbitos da sociedade,
"Nas grandes cidades, sobretudo em suas periferias, o agente da lei próximo à população era, e ainda é, o policial militar ou civil, cujo arbítrio e violência são conhecidos".
A luz disso pode-se concluir que nas periferias, ao contrário do que acontece nos bairros nobres, há uma inversão do papel de agente da lei, não como aquele que protege e dá segurança, e sim, como aquele que repreende e aplica a violência. Para este povo acesso ao poder judiciário é uma utopia.
No texto de Boaventura de Souza Santos, isto é bem evidenciado quando perguntado aos moradores de “Pasárgada” por qual motivo eles não chamam a polícia quando tem problemas. Este relato é observado no trecho de "Notas sobre a história jurídico social de Pasárgada" (1980, p. 111),
[...] "a polícia continua a desempenhar um papel mínimo na prevenção e na resolução de conflitos. Não obstante os seus esforços no sentido de uma aceitação mais positiva por parte da comunidade, continua a ser vista por esta como uma força hostil investida de funções estritamente repressivas".
Para os moradores da favela do Rio de Janeiro, a polícia não está lá para protegê-los, ao contrário do que pensaria, por exemplo, um morador do Leblon. Na verdade, a polícia cumpre o papel de repreendê-los e está ali para vigiá-los, além disso, eles próprios se sentem distanciados e se vêem como marginalizados.
Logo, fica claro que a eficácia da norma jurídica alcança somente determinada classe social. Esse problema tem raízes profundas, ou seja, são frutos da herança colonial como cita José Murilo de Carvalho em Cidadania no Brasil – um longo caminho,
"A herança colonial pesou mais na área dos direitos civis. O novo país herdou a escravidão, que negava a condição humana do escravo, herdou a grande propriedade rural, fechada à ação da lei, e herdou um Estado comprometido com o poder privado" (Carvalho, p.45, 2004).
Percebe-se que a negação dos direitos fundamentais, principalmente os civis, encontra seu fundamento de validade nas raízes podres da herança colonial e da escravidão, que se dissipou ao longo dos anos até legitimar a ação dos mais “poderosos” na prática da corrupção, subjugando os menos poderosos a sorte da lei que para eles não é aplicada com o ideal de justiça, qual seja dar aquilo que cada um merece.
Logo, diante da crescente diferença entre as classes abarcadas pelo modelo capitalista infiltrado na sociedade, o grande marco foi a busca desenfreada por mais e mais lucros. E por que não lucrar em cima dos mais fracos?
A sociedade brasileira sofre os abusos das classes altas que geralmente são aquelas que representam a maior parte dos membros do Congresso Nacional. Ao contrário do que vislumbrava Rousseau, "uma democracia como ideal que protege a política dos usurpadores e incentiva a participação popular", é instalada na sociedade brasileira, a apatia política. Neste contexto segundo Rousseau (1983):
"Há uma sociedade desigual cuja igualdade vai se concretizar no Estado, local onde os elementos desiguais acordam entre si para a criação de um Estado da natureza capaz de suprimir os elementos limitativos da desigualdade reinante entre os homens".
Originariamente, o brasileiro sempre foi considerado por muitos como politicamente apático, e neste sentido parecia não se importar com o crescimento desenfreado da corrupção. Entretanto, o que se espera diante dos últimos acontecimetos no cenário da política brasileira, é um verdadeiro despertar social no sentido de cobrarmos verdadeiramente uma democracia participativa que se dê de forma consciente e atuante.
Os laços sociais precisam ser definitivamente reestabelecidos e acabar de vez com a institucionalização do individualismo, com o interesse privado ou individual se sobrepondo ao interesse coletivo. De fato, os representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional defendem os interesses de uma minoria, eles próprios. É claramente o oposto do que Durkheim (1893) esperaria visto que o coletivismo deveria sobrepor os interesses individuais.
Por conseguinte, é árduo o caminho que leva a efetivação do acesso à justiça e à emancipação política para a maioria da população brasileira. Entretanto somente quando esse marco for atingido, será possível pensar no fim da corrupção, pois sem a participação efetiva de toda sociedade brasileira, especialmente daqueles que não tem acesso nenhum à justiça, o sistema político corrupto continuará esmagando as velhas entranhas apáticas do povo brasileiro.

Considerações finais

Independente de nossas raízes, o problema da corrupção é um mal que pode ser combatido se houver uma mudança de atitude da população brasileira no sentido de “descapitalizar” os ideais, ou seja, nunca conseguiremos uma democracia de fato se continuarmos apáticos politicamente. A norma jurídica deve ter o alcance equivalente para todas classes sociais sem fazer distinção de cor, raça, sexo, conforme os direitos fundamentais da Carta Constitucional, proporcionando desta forma acesso à justiça com efetividade a todos.
* Colaborador: Dr. Miguel Ângelo Martin - Advogado e Administrador de Empresas.
Fonte: JusBrasil

domingo, 15 de março de 2015

O Big Bang não existiu?


A nebulosa helix (Foto: wikimedia commons)
Ateoria mais aceita hoje é que o Universo teve um início : o Big Bang, a explosão de um ponto infinitamente denso, uma singularidade. A partir dessa explosão, teria havido uma expansão e o resultado seria o Universo atual. Essa teoria é baseada na relatividade geral, proposta por Einstein.
No entanto um novo modelo, que mistura correções quânticas na teoria de Einstein, sugere que não houve Big Bang. E que, na verdade, o Universo não começou: ele sempre existiu.
"A singularidade do Big Bang é um problema para a relatividade, porque as leis da física já não fazem sentido pra ela", afirma Ahmed Farag Ali, pesquisador da Universidade Benha, no Egito. Ele e o coautor Saurya Das, da Universidade de Lethbridge, em Alberta, no Canadá, mostraram que esse problema pode ser resolvido se acreditarmos em um novo modelo, no qual o Universo não teve começo - e não terá fim.
Os físicos esclarecem que o que eles fizeram não foi simplesmente eliminar a singularidade do Big Bang. Eles se basearam no trabalho de David Bohm, físico que, nos anos 1950, explorou o que acontecia se substituíssemos a trajetória mais curta entre dois pontos numa superfície curva por trajetórias quânticas. No seu estudo, Ali e Das aplicaram as trajetórias Bohminanas a uma equação que explica a expansão do universo dentro do contexto da relatividade geral. Com isso o modelo contém elementos da teoria quântica e da relatividade geral. Os pesquisadores esperam, com isso, que seu modelo se mantenha mesmo quando uma teoria completa da gravitação quântica for formulada.
Mas então o Universo não teve nem começo e nem fim? Com o modelo, os físicos estabelecem que o Universo tem um tamanho finito - e, com isso, podem dar a ele idade infinita, o que combina com nossas medições de constantes cosmológicas e de densidade.
O modelo descreve o Universo como preenchido com fluido quântico, que seria composto de gravitons, partículas hipotéticas que mediam a força da gravidade. Se eles existem, eles teriam um papel essencial na teoria da gravitação quântica. Agora os físicos pretendem analisar perturbações anistrópicas no Universo, elevando emc onsideração a matéria escura e a energia escura, mas eles acreditam que os próximos cálculos não afetarão os resultados atuais. "É satisfatório saber que essas correções podem resolver tantos problemas de uma vez", afirmou Das.
Via Phys.Org