Mentes que visitam

domingo, 16 de dezembro de 2012

O PUDOR IRREVELADO

Joaquim Moncks

Assustado acordo
num lampejo da madruga
e ouço sons, gemidos
não definíveis.
Arde-me o motivo
de corpo ausente.
A saudade é um sino
que solapa o entorno.

O acalanto enrijece o ventre
e o prazer nunca deixa
que o vazio remeta a silhueta
ao esquecimento.
Estás rediviva
– asas de labaredas –
entre minhas pernas,
ereta de desejos.

Mais vivaz do que nunca
o corpo nu
aconchega o cansaço
e abraça o travesseiro.
Sonha-me a noite
despida de pudores.

– Do livro QUINTAIS DO MISTÉRIO, 2012.

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