Mentes que visitam

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

POR UMA NOVA GERAÇÃO DE EDUCADORES




Kátia R. Maffei dos Reis*


Falar sobre educação gera polêmica. Uma pessoa lhe pergunta sua profissão e você
responde: professor. Nesse momento, a expressão e os comentários de pena 
ganham a cena. Infelizmente, na opinião popular, professor é um trabalhador 
sofrido, injustiçado, que perdeu o respaldo e ainda recebe um salário miserável. 
Se assim fosse, a profissão já havia sido extinta. Afinal, por que continuar sendo 
professor se tudo é tão massacrante?

Acredito que essa ideia tão negativa começou a se propagar com notícias de 
violência contra o educador, com greves da classe, e pela má interpretação de 
algumas leis. As frases mais comuns são “professor não pode fazer nada”, 
“perdeu a autoridade”.

Comecei a trabalhar como professora há cinco anos, um ano depois de concluir 
licenciatura em Letras. Inicialmente, apenas no turno da noite, porque eu 
gerenciava uma loja durante o dia; três anos depois, consegui trabalho em mais 
uma escola. 
Deixei o comércio para ser somente professora, atividade com a qual me realizo. 
Ser educador não é esse caos que fomentam por aí. A verdade é que os alunos 
mudaram. Os estudantes de hoje são a geração Z, da tecnologia, da inovação, 
o que também pede educadores de uma nova geração. Não precisa ser da mesma 
faixa etária, aliás, nem é possível, mas no mínimo com uma cabeça Z.

É comum ouvir discursos como “no meu tempo os alunos eram melhores”. 
Acontece que esse tempo já foi. Agora, o tempo é outro. Precisamos aceitar que a 
evolução deve ser acompanhada. E que bom que os alunos mudaram. São eles os 
responsáveis por deixar nossa mente tão aberta. Ser professor dessa geração é ter 
privilégio de rejuvenescer todos os dias. É assim que eu me sinto. E isso não 
significa que eu não levo meu trabalho a sério. Pelo contrário. 
Sempre tenho minhas aulas bem elaboradas, exijo o empenho da gurizada, cobro 
muito diariamente, tudo é avaliado na minha aula: rendimento técnico, relações 
humanas, cumprimento de normas. 
Os adolescentes devem ter a consciência de que todos os atos geram alguma 
consequência. No entanto, tudo isso não precisa ser feito na base do berro, 
da ofensa, da régua, do grão de milho. Física ou verbal, violência gera mais 
violência. Isso não é novidade. Obviamente, sempre existem os dias difíceis, 
em que todas as tentativas de conduzir a aula parecem frustrantes. 
Há os momentos em que se faz necessário levantar o tom de voz e falar com 
firmeza, mas não com estupidez.

Dessa maneira é que se vai adquirindo respeito como professor. Precisamos parar
de arranjar desculpas: famílias mal estruturadas, leis polêmicas, salários não tão 
atraentes. Com certeza, esses fatores devem ser pensados, mas não é por isso que 
podemos desistir das nossas convicções. Cada um deve fazer a sua parte e jamais 
esquecer que a educação se constrói com base em bons exemplos.

*Professora especialista de língua portuguesa e literatura das redes 
particular e municipal de ensino, em Farroupilha (RS)

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