PRÓFUGOS DA AURORA IV
E quando a noite morre e desfalece
ante os primeiros talhos da alvorada,
abro a janela, qual quem não quer nada,
abro as narinas na mais ingênua prece.
Então os cheiros chegam e se esquece
que sejam riscas de olor ou pena alada,
a nossa própria pena alvoroçada
por esse faro esguio que se entretece.
Então se quer que nunca chegue a aurora,
com seus odores de cálida energia
e se procura o instante fugidio
guardar no mudo canto desse outrora
em que se foge à luz que se inseria,
nariz a dentro, em caudaloso rio.
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