PRÓFUGOS DA AURORA III
Já escrevi do amor que nunca houve,
do amor por um perfume pressentido,
sem que a fonte sequer tivesse havido
para as papilas que o olfato louve.
Sei lá que amor minhas narinas move
em tal instante, meu faro desnutrido:
talvez perfume de mulher sentido,
talvez de flor que o imaginar comove.
Talvez apenas um desses detergentes
que alguma casa enchem de fragrância,
anéis benzoicos de odor hexagonal,
meu romantismo a recompor frequentes
esses estímulos em feminina instância,
como a ânsia insaciada do sensual.
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