Mentes que visitam

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

A novidade aqui é outra


Eis que apresento a vocês caros internautas, o Level Design do Mapa do Rio Grande do Sul, tchê! Mas não se enganem, o Wally não está ali e também nãoooo é um mapa astral. Portanto gurizada, sem perder tempo vamos ao trabalho. Confiram o resultado mega-pooower do Mapa do Rio Grande do Sul que o Estúdio Romeu&Julieta realizou para a SETUR e para vocês:
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Agora os seus problemas com diversos caminhos, linhas horizontais, verticais, nomes, infinidade de lugares ACABARAMMM (ufaaa)… O estilo, a criatividade e a produção são diferentes, digamos que… tipo filho único, só o Estúdio R&J tem!!!
Capuletos, vamos tomar um chimarrão na Região dos Vales.
Montecchios, que tal um vinho na Serra?

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O ministro Toffoli, por Paulo Santana



     Fiquei impressionado que o ministro Dias Toffoli, do Supremo, absolveu, em um minuto, sete réus do mensalão.

     Para mim e para meus leitores, não causou surpresa: eu afirmara nesta coluna que o ministro Toffoli tinha o dever, antes do julgamento, de declarar-se suspeito e afastar-se da lide, em face de que tinha sido empregado de José Dirceu e por outros motivos que o ligaram no passado ao PT.

***

    Pois bem, depois de absolver a maioria dos réus que lhe competia julgar, o ministro Toffoli voltou à carga na etapa da dosimetria das penas: ele insistiu em participar da dosagem das penas.

     De início, sua pretensão pareceu escandalosa: como um ministro que absolveu vai querer participar da dosagem das penas?

    Logo todos imaginaram que ficaria ridículo o ministro declarando, por exemplo: “Absolvo inteiramente o réu José Dirceu e aplico-lhe a pena de um ano de prisão”.

     “Mas como? Ele absolveu e agora apena o próprio réu absolvido por ele?”, se espantariam todos.

     Felizmente, colocada em votação a aparente contradição, por maioria os ministros decidiram que os que absolveram não poderiam participar da dosimetria das penas.

***

     Só que o presidente do STF, ministro Ayres Britto, votou a favor de que Toffoli participasse da dosagem das penas, foi vencido mas votou.

     E Ayres Britto é um monumento de integridade e saber.

    Fui, então, tentar reunir grande parte dos meus neurônios para saber quais os elementos favoráveis à tese de que quem absolve deve também e ainda participar do cálculo e aplicação das penas.

***

     E pensei comigo: quem absolve um réu, ou teve compaixão dele, ou se convenceu de que ele era inocente.

     Como se iria então tirar do ministro que absolveu o réu o direito de continuar julgando, até mesmo na dosagem das penas aos réus condenados?

     Como se iria tirar esse direito do ministro, pois, se ele absolveu o réu, o seu intuito foi favorecer o réu – então, ele tem o direito de continuar favorecendo o réu, votando na dosimetria por uma pena o menor possível para o condenado.

     Foi assim que concluí. A pretensão do ministro Toffoli, que me parecia antes absurda, tinha agora na minha mente, pelo meu raciocínio, mérito indiscutível.

***

     Mesmo assim, a atuação do ministro Toffoli no julgamento do mensalão foi deprimente.

     Ele permitiu que todos percebessem quais seriam seus votos antes mesmo de o julgamento ter início, o que por si só já oferece um desconforto ao Supremo e ao próprio ministro.

    E ele saiu distribuindo absolvições a granel, obcecado pela indulgência indiscriminada e quase sempre calado, sem expor as razões dos seus pacotes absolutórios.

    O ministro Toffoli deu uma lição a todos os magistrados do Brasil de como não deve se comportar um juiz isento.

     Lamentável.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CULPAR O ALUNO PELO INSUCESSO É FALTA DE PROFISSIONALISMO

 
ZERO HORA 22 de outubro de 2012 | N° 17230

ENTREVISTA:



 “Culpar o aluno pelo insucesso é falta de profissionalismo”


DEIVIS DUTRA POTHIN

por ÂNGELA RAVAZZOLO | Editora de Educação

O professor brasileiro Deivis Dutra Pothin descobriu uma nova e desafiadora 
realidade educacional quando decidiu se mudar para Londres em 2004. Graduado
 em Letras Português/Inglês pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos(Unisinos)
 em 2003, foi buscar aperfeiçoamento na Inglaterra e conquistou espaço como 
professor na St Luke’s CE Primary School. Aos 32 anos, cursando doutorado em 
Educação na Universidade de Londres, ele acredita que o professor precisa se 
adaptar aos diferentes perfis dos alunos e aconselha o Brasil a focar na qualidade. 
Confira trechos da entrevista a Zero Hora por e-mail:

Zero Hora – No Brasil, a carreira de professor tem sofrido, ao longo 
dos anos, uma desvalorização, incluindo questões salariais e também
de valorização social. É diferente na Inglaterra?

Deivis Dutra Pothin – A carreira de professor na Inglaterra é, sem dúvida, mais 
valorizada se comparada com o Brasil. Existe um plano de carreira bem 
estruturado, com salários iniciais relativamente atraentes, um plano de previdência
complementar compensador e escolas com excelentes recursos pedagógicos. 
Um fato interessante é que não há diferença salarial entre níveis de ensino – por 
exemplo, professores recém-formados ganham o mesmo, seja alfabetizando ou 
lecionando nos últimos anos. A progressão salarial e de carreira depende do 
desempenho do professor. Cada vez mais o governo atual tem tentado atrair 
formandos das melhoras universidades para carreira do magistério. Eles recebem
bolsa de estudo e auxílio-manutenção e, depois de formados, aqueles que estiverem
 dispostos a lecionar matérias com falta de professores, como matemática, física, 
química e línguas estrangeiras, recebem um bônus no salário.

Zero Hora – Qual o maior desafio para os professores na Inglaterra 
atualmente?

Pothin – Um dos maiores desafios enfrentados pelos professores ingleses 
atualmente está relacionado com o plano de carreira. Devido à recessão da 
economia britânica, os salários estão congelados há cerca de dois anos, a 
contribuição para a previdência social complementar aumentou, e o governo 
quer aumentar a idade de aposentadoria de 65 para 68 anos. Outra questão tem
 sido a sobrecarga de trabalho e o monitoramento constante por parte do 
departamento de educação. Escolas com baixo desempenho são monitoradas 
minuciosamente pelo órgão fiscalizador. Apesar de o objetivo de tais inspeções 
ser positivo, elas sobrecarregam não apenas o professor, mas também a liderança
da escola.

Zero Hora – A disciplina, ou a falta dela, chega a ser um problema?

Pothin – A indisciplina é uma realidade principalmente nas escolas de Ensino 
Médio. O ministério da educação tem tomado algumas medidas dando mais 
autoridade aos professores e diretores. Por exemplo, professores podem vistoriar
mochilas e outros pertences sem autorização do aluno ou dos pais caso suspeitem
que haja drogas, armas ou álcool. Se necessário, professores também podem fazer
uso de contato físico,caso o aluno esteja colocando outros ou a si mesmo em perigo.
 No entanto, a indisciplina, na minha opinião, é apenas um sintoma de que algo não 
vai bem na escola.

Zero Hora – Depois de conhecer o sistema britânico de ensino, houve
alguma mudança na sua percepção da situação educacional brasileira?

Pothin – Uma das primeiras coisas que aprendi logo que comecei a lecionar aqui é 
que culpar o aluno pelo insucesso é falta de profissionalismo e injusto com o 
próprio aluno. A mentalidade aqui na Inglaterra é de que é responsabilidade do 
professor preparar aulas que sejam interessantes, que desafiem os alunos e que 
promovam aprendizado. Outra mudança marcante na minha percepção da situação 
educacional brasileira é a falta de preparo do professor e de muitos coordenadores 
pedagógicos em promover aprendizado de todos os alunos. Sabe-se que ainda é 
prática comum em muitas salas de aula brasileiras a cópia ou passar a mesma 
matéria e atividade para todos os alunos. 
Isso gera uma série de problemas: ao planejar a aula apenas para o aluno mediano, 
os alunos com mais dificuldades provavelmente não conseguirão acessar os 
objetivos, enquanto, aos mais hábeis, sobra desmotivação pela falta de desafios.
 E a terceira questão que aprendi é a importância da qualidade da liderança no 
sucesso de todos na escola. No Brasil, apesar da dedicação de muitos diretores, 
vice-diretores, supervisores e coordenadores, muitos ainda não têm o preparo 
técnico necessário para gerir uma escola.

Zero Hora – Qual a exigência mínima para conquistar uma vaga nas 
escolas públicas inglesas?

Pothin – O professor deve alcançar uma titulação de professor qualificado, ou seja, 
apenas completar o curso superior não é o bastante. É preciso passar nos estágios e 
no primeiro ano probatório depois de formado. Normalmente, os professores se 
formam em um bacharelado e fazem uma pós-graduação em tempo integral 
durante um ano, preparando-se para lecionar. Depois de me formar em Letras na 
Unisinos, enviei meu histórico escolar e diploma a uma agência do governo 
britânico que avalia a equivalência de diplomas estrangeiros. Depois de receber a
confirmação de que o meu diploma brasileiro era equivalente a um diploma 
britânico, as oportunidades se abriram e consegui o visto de trabalho na escola 
onde trabalho até hoje.

Zero Hora – O nível de exigência é mais alto do que no Brasil?

Pothin – Como nas escolas do Reino Unido os alunos passam automaticamente 
para a série seguinte no final do ano letivo, cabe ao professor diferenciar o 
conteúdo e as estratégias para que todos avancem. Isso pode ser muito complicado
 para o professor inexperiente. Digamos que, por exemplo, a turma esteja 
aprendendo a escrever um conto. Ao planejar as aulas, o professor deve organizar
atividades que permitam ao aluno com mais dificuldade escrever uma narrativa 
com uma estrutura mais simples, enquanto que aos mais hábeis, uma narrativa com
estrutura e linguagem mais complexas. No entanto, todos os alunos estarão 
aprendendo a escrever um conto, mas em estágios diferentes.

Zero Hora – As diferenças sociais e econômicas dos estudantes 
aparecem na sala de aula?

Pothin – Nas grandes cidades, e especialmente em Londres, muitas escolas 
recebem alunos de famílias muito carentes. Cabe ao professor planejar aulas e 
organizar atividades pedagógicas que promovam aprendizado para todas essas 
crianças. No entanto, uma escola de qualidade não vê essa dificuldade com a língua
ou a situação familiar como empecilho mas como um desafio, oferecendo a essas 
crianças um espaço seguro para que elas se desenvolvam, aprendam e se 
socializem. Acho que essa é a grande lição para a educação brasileira: investir em 
qualidade, promover aprendizado para todos na sala de aula e não aceitar que a 
situação socioeconômica dos alunos limite o potencial de cada um.

sábado, 20 de outubro de 2012

CONGRESSO PREPARA ATAQUE CONTRA A PRIVACIDADE NA INTERNET


REVISTA ISTO É N° Edição: 2240

Um ataque contra a sua privacidade. Nova lei da internet, em discussão 
no congresso, coloca em risco as informações privadas dos brasileiros 
que acessam a rede

 Izabelle Torres 



A privacidade dos 71 milhões de brasileiros que navegam na internet vale muito 
dinheiro e está em risco no debate em torno das regras para o funcionamento 
da rede mundial de computadores no Brasil. O texto do marco civil da internet 
em discussão no Congresso vem atraindo um jogo de lobbies e deixa brechas à 
proteção de dados dos usuários. A nova legislação permite que as informações 
pessoais que circulam pelos sites acionados pelos internautas sejam usadas 
para alimentar o mercado de publicidade direcionada. 



Apesar de assegurar, à primeira vista, a inviolabilidade dos dados, o texto em 
tramitação agride a privacidade do usuário, como pode ser conferir numa 
leitura mais atenta da proposta. O perigo mora no artigo do projeto que 
supostamente garantiria os direitos dos internautas. Apesar de proibir o 
fornecimento a terceiros de registros de conexão e acesso, o texto abre 
exceção para casos em que o próprio usuário dá “consentimento livre, expresso
e informado” para o uso de seus dados. Isso acontece, na maioria das vezes, 
sem que a pessoa se dê conta.
Ocorre que praticamente todos os termos de adesão para a criação de contas
de e-mails ou redes sociais incluem essa autorização automática. 
O cliente não tem opção: ou concorda com os termos de uso ou simplesmente
não usa os serviços. A artimanha garante aos provedores de serviços o acesso
a dados  dos internautas. 
A invasão se dá na forma de uma aparente coincidência: o internauta comenta 
sobre um produto ou serviço na rede e logo passa a ser bombardeado por 
anúncios. 



A manobra é replicada nos cadastros de sites de compras e outros serviços 
online. Ela é mais flagrante no Google. Ali, para abrir uma conta no Gmail, o
usuário esbarra num termo de adesão escrito apenas em inglês, no qual abre
mão da privacidade. “Você concorda que o Google pode usar seus dados de
acordo com a política de privacidade”, diz um trecho do contrato. 
Na rede social Facebook não é diferente. 
Ao se cadastrar, o internauta precisa aprovar os termos do acesso, que na 
prática representam a autorização para o uso dos dados de navegação. 
“Usamos as informações que recebemos sobre você em relação aos serviços
recursos que fornecemos a você e a outros usuários, como seus amigos, 
nossos parceiros, os anunciantes que compram anúncios no site e os 
desenvolvedores que criam os jogos, aplicativos e sites que você usa”, 
informa o termo. 



Enquanto provedores de serviços como e-mail e rede social se beneficiam dos 
contratos para lhes garantir o acesso e o uso de informações dos usuários, 
provedores de conexão, como as companhias telefônicas, fecham parcerias 
milionárias com empresas especializadas em rastrear a navegação. A multinacional 
Phorm é uma dessas empresas e hoje presta serviços para a Oi e a Telefônica no 
Brasil. Sua missão é traçar o perfil dos internautas e descobrir seus interesses de 
navegação. São provedores de acesso como as duas empresas de telefonia que 
mais brigam para que o marco da internet não as deixe de fora do clube de quem 
fatura em cima da privacidade dos internautas. O argumento é que os sites de 
e-mails e redes sociais já fazem esse rastreamento, mesmo sem previsão legal. 
“É uma briga grande, mas acreditamos que o texto da forma como está fechará 
muitas brechas”, alega o relator do projeto na Câmara, deputado Alexandre Molon
(PR-RJ). “Sabemos que algumas empresas, como a Phorm, vivem dessa 
bisbilhotagem disputada pelo mercado da rede. Queremos frear esse comércio e 
impedir que a privacidade alimente os negócios. Acho que o marco é um avanço 
para isso.” O parlamentar não explica, porém, como vai garantir a privacidade dos
usuários diante dos termos de adesão que o internauta encontra pelo caminho. 
O governo tem pressa na votação do texto. Um dos que pressionam pela aprovação
ainda neste ano é o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.


GANHAM PARA VASCULHAR
Deputado Alexandre Molon (PT-RJ) diz que
empresas vivem da bisbilhotagem

Na contramão do discurso de Molon, o especialista em direito eletrônico Renato
Opice Blum, da Fundação Getulio Vargas, diz que a aprovação do marco não vai 
garantir a privacidade, mas apenas oficializar – se não aumentar – o comércio de 
publicidade direcionada que existe atualmente. “Esse texto não muda nada, uma 
vez que a maioria dos brasileiros autoriza o uso e a divulgação dos seus dados 
sem se dar conta. O problema é que ninguém costuma ler os contratos dos serviços”,
diz. Para Blum, como a nova legislação não deve frear o comércio de informações, 
restará aos brasileiros ter cautela ao navegar na rede e, sobretudo, na hora de 
escolher os serviços que contrata. Diante da guerra de interesses, o único consenso
entre os vários atores dessa discussão é que, aprovado o texto em debate no 
Congresso, ganharão força os negócios feitos à custa da privacidade do internauta.

 

Fotos: shutterstock; Sérgio Lima/Folhapress

domingo, 14 de outubro de 2012

POR QUE APENAS 2% QUEREM SER PROFESSORES?


 

A 4ª PERGUNTA
Por que apenas 2% dos estudantes querem seguir a carreira de professor?


MARCELO GONZATTO

O desafio da educação brasileira não se resume a estimular crianças e adolescentes a
 aprender.
Exige, também, encontrar quem se disponha a ensiná-los. Nas últimas décadas, a 
perda de interesse dos jovens pela carreira de professor dificulta a seleção de 
educadores em quantidade e qualidade suficientes para garantir o salto de desempenho
 que se espera nas escolas. Ao cativar o interesse de apenas 2% dos estudantes do 
Ensino Médio, conforme demonstrado pela pesquisa A Atratividade da Carreira 
Docente no Brasil, o magistério brasileiro segue caminho inverso ao de países 
desenvolvidos.

Em lugares como Japão, Finlândia ou Coreia do Sul, todos com ensino de excelência, 
a atividade conta com bons salários e reconhecimento social. Por isso é capaz de 
peneirar candidatos entre os melhores alunos. No Brasil, os baixos rendimentos, a 
perda de status e o desgaste do trabalho contribuem para o envelhecimento da 
categoria e despertam temor em relação ao futuro da profissão.

Em apenas quatro anos, entre 2007 e 2011, as sinopses estatísticas da Educação Básica
 revelam que o percentual de docentes com menos de 24 anos caiu de 6% para 5,1% no
 país, enquanto a proporção de mestres com mais de 50 subiu de 11,8% para 13,8%. 
No Rio Grande do Sul, o fenômeno se repete: os educadores mais jovens reduziram de 
5% para 4,7%, e os mais velhos avançaram de 16,3% para 18,1%. Para a coordenadora
 do Mestrado Profissional em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas, 
Regina Pacheco, as razões vão além dos baixos salários:

– Precisamos repensar o trabalho do professor e a carreira no setor público, que segue 
um modelo de cem anos atrás. Hoje, a concepção de vida é outra, os mais jovens 
querem ir atrás de oportunidades, enquanto o sistema prevê que fiquem 30 anos 
fazendo a mesma coisa.

Conforme a pesquisadora, além de dificultar a renovação da categoria, as más 
condições de trabalho estimulam distorções como excessos de faltas e licenças. 
Confira, a seguir,  um resumo das condições que afugentam novos professores.

Fonte: realizado pela Fundação Carlos Chagas sob encomenda da Fundação Victor 
Civita, o estudo A Atratividade da Carreira Docente no Brasil foi concluído em 
dezembro de 2009 e revelou que, dos 1.501 alunos do Ensino Médio entrevistados 
em todas as regiões brasileiras, apenas 2% manifestavam o interesse de cursar 
Pedagogia ou alguma licenciatura – caminhos para a carreira de professor. 
Destes, praticamente oito em cada 10 são mulheres.


Magistério atrai novo perfil de candidatos

Nos últimos anos, o abandono da profissão de professor pelas classes mais abastadas 
abriu espaço para um novo perfil de candidato ao magistério: estudantes de colégios 
públicos, filhos de pais com baixa escolaridade, e que são os primeiros de suas 
famílias a chegar à universidade.

Conforme a pesquisa A Atratividade da Carreira Docente, quanto maior o nível 
socioeconômico e a escolaridade dos pais, menor a intenção de se tornar educador.

Essas características ilustram o caso da estudante do 4º semestre de Pedagogia da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Nathália Cargnin, 20 anos. 
Filha de uma ex-doméstica, atualmente auxiliar de serviços gerais, ela entrou na 
carreira por um empurrão do destino.

– Minha mãe se enganou ao fazer a matrícula no Instituto de Educação (Flores da 
Cunha) e, em vez do Ensino Médio normal, me inscreveu no Magistério. Mas acabei
 gostando e resolvi seguir a carreira – conta Nathália, que mora na Restinga e hoje 
atua como bolsista na UFRGS.

A escolha da profissão, porém, foi recebida com estranhamento entre amigos – 
refletindo a pouca apreciação social da atividade hoje no país.

– Muitas pessoas me diziam que eu era inteligente, não deveria passar o resto da vida 
limpando bunda de nenê ou me tornar uma futura grevista – conta, fazendo referência
a sua intenção de trabalhar com Educação Infantil.

A candidata a professora, que também está se habilitando para trabalhar com séries 
iniciais e Educação de Jovens e Adultos, faz uma aposta:

– Acho que as nossas condições de trabalho vão melhorar. O Brasil está vendo que é 
necessário ter educação de qualidade. Para isso, é preciso ter melhor remuneração, 
mais horas para planejar aulas. Eu acredito no futuro da educação.