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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Tomar um pé na bunda foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida

Apresentadora da TV Globo

Ano acabando, muita gente revendo tudo, inclusive a carreira.Pessoas que trabalham no que gostam, outras nem tão apaixonadas assim. Mas hoje eu queria falar com quem levou um pé na bunda.
E um pé na bunda de uma empresa dói. Eu já passei por isso.
Quem circula por aqui provavelmente faz network, procura recolocação, mas será que essas pessoas se conhecem de verdade antes de buscar uma outra coisa pra fazer?
Digo isso porque quando fui demitida de uma empresa eu estava num cargo executivo. Era diretora comercial, bem sucedida. Tinha uma série de benefícios, além do excelente salário.
E aí, do dia pra noite, tudo acabou.
Sem crachá era como se eu tivesse perdido a minha identidade. 
Fiquei num limbo, as pessoas não atendiam meus telefonemas, não recebiam meu currículo. Só quem já passou por isso sabe a situação de merda que é ser mandado embora.
Esse ano tivemos um número assustador de pessoas que foram ‘desligadas’ de suas empresas. E para essas pessoas eu digo: pra tudo tem um jeito.
Tentei me recolocar no mercado. Não deu. Tentei empreender. Não deu.
Fiquei naquela situação que a gente bem conhece, de desespero, por um bom tempo. Até que parei prapensar: o que eu sabia fazer? Quais eram meus talentos?
Eu tinha dirigido algumas revistas femininas, então conhecia o público. Era jornalista, sabia fazer conteúdo e vendê-lo comercialmente. Juntei tudo isso num pacote e bati na porta de uma emissora. 
Eles aceitaram. Não tinham nada a perder. Nem eu.
Agarrada à única oportunidade que eu tinha, com remuneração só pra gasolina e gastos básicos, me virei como pude e comecei a pegar gosto pelo que estava fazendo. O resultado daquela experiência seria proporcional ao meu esforço. E deu certo.
Note E Anote se tornou um programa de aproximadas oito horas diárias. Eu fazia conteúdo, roteiro, vendia merchan. E aplicava tudo que eu sabia numa coisa nova.
Então, voltando ao pé na bunda: eu diria que nada poderia ter acontecido de melhor na minha vida.
E se você estiver nesse momento, dá uma olhada ao redor e veja se esse pé não é o impulso que te faltava para te jogar pra frente. De repente, saindo da zona de conforto, você dá um grande passo. E começa a fazer o que tem a sua cara de verdade.
Mas primeiro precisa se conhecer.                                                                                                      
E não ter medo, nem vergonha de arriscar.

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