PRÓFUGOS DA AURORA - I
É tão batido o amor, tanto soneto
que eu mesmo fiz, na emoção da aurora,
que insisti em redigir na exausta hora
e inda compus no fosso mais secreto.
Amor em que teimei, por puro afeto
ao próprio amor, com toda a sua demora,
amor já morto, que ainda amei, embora
o seu presente me fosse bem discreto.
Amor que lembro em clara nostalgia,
esse amor que sobrevinha e depois ia,
tão certamente como o Sol se vai
e que lambo em meus dedos, quando sai
a farpa desse anseio em noite fria,
por amor morto, que mesmo assim, não cai.
William Lagos
William Lagos
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