Gen Div Clovis Purper Bandeira
“O vício
inerente ao capitalismo é a distribuição desigual das riquezas; o do socialismo
é a distribuição por igual das misérias”.
WINSTON CHURCHILL
Quando estudávamos para o concurso
de admissão à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, recorríamos com
frequência a processos mnemônicos, que ajudavam a memorização de tantas
informações.
Mestre nesse processo, meu amigo
Affonso cunhou um que nunca mais esqueci: o pudim de Lenine. Era uma maneira de
recordar as características do comunismo internacional e resumia o assunto com
grande propriedade.
Vejam só:
P – Partido único
U – União operário-camponesa
D – Ditadura do proletariado
I
– Internacionalismo do movimento
M – Militância profissional
Recordando aquelas ideias mestras do
marxismo-leninismo, surpreende-me que, passados tantos anos e tendo o comunismo
falhado grotescamente em todo o mundo, inclusive na Coreia do Norte, em Cuba e
em pouquíssimas outras potências do mesmo calibre, onde teima em se arrastar, ainda
haja quem sonhe em implantar esse anacronismo falido em nosso país.
Calma, já sei o que estão pensando: que esqueci da
China, o motor da economia moderna, exemplo de sucesso do planejamento central.
Pelo menos, de um planejamento central que convive com 56 grupos étnicos
oficialmente reconhecidos, mais de uma dezena de idiomas, dos quais oito
falados por mais de 30 milhões de pessoas, e quatorze alfabetos.
Mas será que o sucesso chinês baseia-se no que prega o
comunismo? As grandes usinas do desenvolvimento chinês são as grandes cidades que
gozam de condições econômicas, políticas e sociais especiais.
Em primeiro lugar, as Regiões Administrativas Especiais (RAE) de Hong Kong e Macau –
verdadeiras zonas francas ou portos livres herdados do império colonial
britânico e do português, que oxigenam a economia chinesa com os frutos do
capitalismo (podem até emitir passaportes próprios), dentro do que Deng
Xiaoping chamava pragmaticamente de “um país, dois sistemas”.
Em segundo lugar, as Zonas Especiais de Exportação (ZEE) de Shantou, Shenzhen, Zuhai,
Xianen e Hainam.
A
formação e a consolidação das ZEE baseiam-se em:
- abertura de mercado
ao capital estrangeiro,
mas com forte participação estatal;
- proximidade das
áreas portuárias e urbanas;
- produção industrial
diversificada e voltada especialmente para a exportação;
- apoiadas por
infraestrutura que permita a entrada do capital financeiro;
- mão de
obra barata e abundante;
- modelo econômico:
economia de mercado;
- isenção de impostos;
- salários das
empresas que ali se instalam devem ser mais altos do que os pagos no
restante da China.
Há, ainda, cinco Regiões
Autônomas (RA). São áreas
incorporadas à China em épocas mais recentes (na escala chinesa de tempo), onde
existem várias minorias étnicas e alguns movimentos separatistas e onde o
domínio chinês é mantido por forte presença militar.
Na China, com a morte de Mao e o fim da desastrosa
Revolução Cultural, teve início a reforma econômica de Deng Xiaoping, em 1978,
e as coisas mudaram muito, começando pela privatização das fazendas,
afastando-se da estrutura agrária feudal da propriedade estatal das fazendas e
do trabalho semi-escravo dos camponeses, o que fracassou estrondosamente e levou
o país a enfrentar grandes desastres nas colheitas e milhões de mortes por
fome.
Tudo isto não tem quase nada a ver com a receita do
pudim, mas é responsável por grande parte do sucesso econômico da China.
Na verdade, a China só conserva intocados, da receita
original leninista, o P e o M. Só os fósseis leninistas, falidos e atrasados,
seguem a fórmula original.
Assim, no caldeirão chinês, o conteúdo está mais para
feijoada do que para pudim...
Infelizmente, nosso país, sempre
pronto a reinventar o passado e a copiar o que não deu certo em lugar nenhum,
ainda é assolado por delirantes teóricos do comunismo real, que será implantado
no Brasil, transformando-o em grande potência, do nível de Cuba e Coreia do
Norte.
Enquanto isso, esses trogloditas
ideológicos querem-nos fazer engolir o secular pudim de Lenine, como se fosse a
panaceia para todas as nossas deficiências.
Naturalmente, interessa-lhes mais
a fase do “partido como vanguarda do proletariado”, que lhes garantirá rendosas
funções públicas, a salvo de qualquer tipo de fiscalização ou cobrança, e
quando poderão usar todo tipo de mentira, falsidade ou violência para afastar
os possíveis inimigos de tais pretensões, como as Forças Armadas, a Igreja e a
Família (as trincheiras da burguesia, como ensina o novo guru Gramsci).
Podemos, também, incluir aqui a imprensa como alvo preferencial, pelos estragos
que vem fazendo no projeto comunista de perpetuação no poder, em curso no
Brasil.
Essas instituições são
seguidamente perseguidas e atingidas por leis, kits, comissões, acusações caluniosas e recorrentes, enquanto as
vítimas angelicais, derrotadas em sua tentativa de tomada do poder pelas armas,
recebem glórias e indenizações maiores do que a paga pela Alemanha a Israel,
pelo Holocausto.
Afinal, a viúva é rica e sua
bolsa não tem fundo, acreditam; e, como dizia Margaret Tatcher, “o socialismo
dura enquanto dura o dinheiro dos outros”.
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