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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

DICA CULTURAL - I (Reflexões multiplicadas em infinitos espelhos)

Reflexões multiplicadas em infinitos espelhos



O Museu de Arte do Rio Grande do Sul segue com Henrique Fuhro até 27 de fevereiro de 2011, nas Pinacotecas do Museu. A exposição é uma realização do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria de Estado da Cultura. A mostra conta com cerca de 100 obras selecionadas de Acervos de Instituições, familiares, amigos e de coleções particulares. Serão exibidas xilogravuras, litogravuras, desenhos e pinturas. 

A imagem refletida e a reflexão sobre a forma 

As imagens de Henrique Leo Fuhro são reflexões multiplicadas em infinitos espelhos paralelos imaginários. A imagem imaginada reflete a imagem e o brilho é intenso e, de alguma maneira, parece que tem um foco que se desloca permanentemente diante de nossos olhos. 

Certamente estes reflexos multiplicados são os reflexos de uma realidade. Mas não estamos seguros quanto à esta realidade e nos parece que as imagens são mais fortes e potentes do que o estímulo real inicial. 

Na verdade, não estamos diante do registro de um dado convencional do mundo. Aqui não se trata de mostrar o que já sabíamos, mas de tornar explícito uma imagem intuída. A intensidade do brilho destas imagens se dá na nossa percepção, pois nela, em sua natureza de Imagem pintada e desenhada não há senão um discreto tratamento. Observamos è a figuração de um conceito visual que se desvela. 

Estas imagens de Fuhro são formalizações de uma ampla percepção. Nelas, estão contidas a idéia do homem contemporâneo e de sua possibilidade introspectiva. E o homem assinalado como um desenho a lápis, o homem registrado como grafite, com a máscara da persona. Este grafite está situado num universo cromático espantosamente real e severo. 

E este contraste que torna explícita uma situação e nos demonstra a veracidade do estar no mundo. Uma cadeira, um ser estável, um desenho delicado e sugerido, uma organização cromática determinante. Relações entre o estar e o entorno. Os elementos do trabalho de Fuhro, uma das mais estupendas meditações sobre a questão do homem no mundo de hoje feitas na arte brasileira, são, como fulcro, os mesmos. O artista trabalha com o exterior e o interior, a objetividade social e a introspecção, o objeto e o reflexo. 

O homem mascarado é a imagem mais forte da nossa época. E o corredor da Fórmula Um e é o uniforme, a roupa esportiva do competidor, a roupa formal do executivo. Máscaras. Constantes gráficas na obra do artista. 

Ë possível detectar alguma ironia neste trabalho. Isto depende, talvez, do ponto de vista do observador. Mas o que é impossível não detectar é o prazer da realização, o encanto do ato de fazer, a absoluta integração entre o homem que faz e o objeto criado, entre o olho e a mão que realiza e a forma que se cria diante de nós. O fazer e o feito estão de tal maneira integrados que a emoção torna o expectador, por sua vez, parte integrante deste momento perceptivo. O fazer, a obra, o público. Um circuito fechado e, também aqui, uma imagem que se multiplica e constrói a sua própria realidade. 

Jacob Klintowitz, 1988

Tome nota

Henrique Fuhro

Visitação: até 27 de fevereiro de 2011
Local: Pinacotecas
MARGS – Praça da Alfândega, s/n – Centro – Porto Alegre
Funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 19h.
Fonte: MARGS

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