blog Mateus Simões
Celso de Mello não deve ser misturado com os homens cuja liberdade acabou por garantir. Tenho certeza de que ele acredita ter decidido em favor do Estado Democrático de Direito, em favor da Justiça e dos valores Constitucionais. No entanto, ao votar, garantindo a sensação de impunidade, Celso de Mello selou sua própria derrota e prestou um desserviço ao modelo de Estado que julga proteger. A vitória foi de José Dirceu, que reafirmou a decadência do sistema que ele tanto combate.
Para homens como José Dirceu e sua quadrilha nós somos fracos, incapazes de grandes realizações porque excessivamente cautelosos. Celso de Mello comprovou essa impressão.
Para homens como Celso de Mello a altivez do julgamento segundo o due process são a prova de que nos civilizamos, reafirmando que até a mais vil criatura merece defesa e acesso a recursos. A visão do Ministro, contudo, parece não ter qualquer perspectiva histórica. Ele tinha em mãos os argumentos técnicos para negar os embargos infringentes, tanto assim que cinco dos mais brilhantes juízes do país já haviam votado, apontando a solução. Poderia ter deixado uma contribuição histórica ao país, mas preferiu ceder à vaidade e à necessidade de autoafirmação de uma pseudo-independência que não lhe valerá nada.
José Dirceu pode ir preso ao final, ele sabe disso, mas continuará vitorioso, pois conseguiu demonstrar a ruína de nosso modelo, a sua incapacidade de autopreservação e de reação adequada às agressões. Ele e sua quadrilha terão contribuído, ao final, para desmanchar o alicerce sobre o qual Celso de Mello se apresenta tão confortável. É a própria arrogância da decisão do Ministro que irá lhe custar o sacrifício, é que sem bases que lhe sustentem, o due process acabará sendo atropelado, por passar a ser visto como um entrave. Depois disso, restará aberto o espaço para as mudanças iniciadas por José Dirceu.
Celso de Mello não foi o arauto da justiça, está mais para trombeta do apocalipse, abrindo espaço para a besta. É que em momento de grave desestruturação institucional, prevalecerá sempre a esperteza dos que sabem se aproveitar de um grupo insatisfeito para atropelar o sistema, sem pudor, sem preocupações formais, por puro auto-interesse.
Alguns anos atrás foi o Executivo, com o esquema do mensalão em suas entranhas; semanas atrás o Congresso, com a manutenção do mandato de Donadon; e agora o Judiciário, com a decisão do STF. Um a um, todos os poderes cumpriram seu papel no trajeto da derrubada de um sistema falido, afrontando o país.
Parabéns José Dirceu, você venceu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário