Mentes que visitam

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Paixão por Michelangelo

Michelangelo Buonarroti nasceu em 6 de março de 1475 em Caprese, localidade próxima à cidade toscana de Arezzo, Itália e faleceu em Roma no dia 18 de fevereiro de 1564, aos 89 anos.

Foi um gigante. Pensador, deixou obra literária, em prosa e verso, considerada notável. Arquiteto, foi o criador da cúpula da Basílica de São Pedro. Do mármore tirou alma, espírito. Com tinta e pincel mostrou o momento em que Deus, estendendo a mão, cria Adão.
 
 É lugar comum chamá-lo de gênio. Prefiro dizer que ele foi tocado pelo divino ao nascer: é a única explicação. Amou a beleza e dela se serviu para mostrar sua fé em Deus.

 
Todos conhecemos a Pietà de Michelangelo, não é? Mas há detalhes que sempre impressionam. Ele a esculpiu quando estava com 22 para 23 anos!
Fez a Virgem muito jovem para ser mãe do Cristo, porque quis dar forma ao célebre verso de Dante Alighieri: “Virgem Mãe, filha do teu filho”. Reparem na mão esquerda de Maria. Dessa maneira singela, Michelangelo esculpiu toda uma mensagem.

Cristo, sem nenhuma das marcas da Paixão em seu corpo, tem o rosto sereno. A intenção de Michelangelo não foi representar a morte dolorosa e violenta, mas o reencontro tranquilo do Filho com o Pai ao retornar à Vida Eterna.
Das poucas obras assinadas por ele, consta que ao ouvir uns lombardos na igreja dizendo que aquela estátua era de um escultor de Milão, ele voltou à noite e cinzelou na base: "Ângelus Bonarotus Florentinus Faciebat".
Podia dar o ponto final aqui e já teria demonstrado quem foi Michelangelo.
Mas este espaço que me foi generosamente cedido durante tanto tempo merece mais. E continuo, mesmo correndo o risco de me repetir. Mas sei que vocês me compreenderão: afinal, paixão é paixão.

O David: em 1504, depois de três anos de trabalho, Michelangelo entrega à Florença a estátua de David. Não é um simples pastor de ovelhas, como na Bíblia, é um guerreiro momentos antes de atacar, corajoso e forte, certo de que combatia o bom combate. Dá para sentir sua determinação e concentração.

Reparem no olhar de David. Em sua expressão. Em sua mão segurando a pedra. Lembremo-nos que isso é uma estátua esculpida em mármore, por um homem e não por um deus. Ou estarei enganada e esse rosto foi esculpido por Deus?
A vida de Michelangelo e seu relacionamento com os papas foi sempre um tormento. O artista, segundo ele mesmo, não teve um dia que pudesse chamar de seu, até morrer. Trabalhou como um condenado e sofreu com a arrogância dos poderosos. Vivia assoberbado por ordens e contraordens de papas e cardeais. Sofreu muito. Mas também fez sofrer: era talento puro, mas não era santo...

Comove saber que foi assim, mas ao mesmo tempo... vejam a figura de Moisés no mausoléu do papa Júlio II. Imaginem o mundo sem ela...
Condutor e líder de um povo, Michelangelo o imaginou sentado, pensativo, angustiado, preocupado, o olhar distante. Às vezes dá impressão de desânimo frente ao povo que talvez não mereça as Tábuas que carrega em seu braço; às vezes sentimos sua fúria contida, não só em seu olhar como na posição de um pé, como se estivesse pronto a se erguer e gritar.
Somos nós que o olhamos de modo diverso a cada vez ou Michelangelo deu mesmo vida ao patriarca? A ponto de correr a lenda do Parla! - o escultor, impressionado com o que fez, dá com o cinzel num joelho da estátua e lhe manda que fale. Si non è vero, e non è vero, è bene trovato.

Capella Sistina, Vaticano, Roma 
PietàBasílica de São Pedro, Vaticano, Roma 
DavidGalleria dell'Accademia, Florença 
MoisésIgreja de San Pietro in Vincoli, Roma

Nenhum comentário:

Postar um comentário