EDITORIAL JORNAL DO COMÉRCIO, de 21/05/2012
É triste, incomoda, mas contra fatos não há argumentos: em 2011, 22% dos alunos de Ensino Médio em escolas públicas foram reprovados, contra 8% em 2010. O pior de tudo é que os números colocam o Rio Grande do Sul na ponta, pois de cada cinco estudantes, um é reprovado. Números do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) dizem que estudantes do Ensino Médio no Estado são os que apresentam a maior taxa de repetência do Brasil, 20,7%. O Rio Grande do Sul sempre se ufanou do diferencial político, cultural e educacional em relação ao resto do Brasil. Tudo caiu por terra, lastimavelmente para nós. A média nacional de reprovação ficou em 13,1% em 2011, a mais alta desde 1999, primeiro ano disponível para consulta. Como o Ensino Médio é predominantemente estadual e houve mudanças de governo em muitos estados no ano passado, novos secretários de educação, novas atitudes, novos procedimentos, talvez tenha aí alguma explicação, segundo o ministro Aloizio Mercadante. Por isso será criado um exame nacional para estudantes de 7 e 8 anos, de todas as escolas públicas do País, para avaliar o seu desempenho em leitura, redação e matemática. A avaliação será nos moldes da Provinha Brasil, atualmente aplicada para crianças no segundo ano de escolarização da rede pública.
A ideia é uma avaliação diagnóstica, para orientação pedagógica, de leitura e redação e primeiras contas, com 7 anos. Aliás, que saudades dos tempos da leitura, redação e do ditado em sala de aula. Não precisa avaliação alguma para saber que as crianças mal sabem ler e escrever. É um hábito em total desuso. Ideias, mais ideias, porém nada altera a triste realidade do ensino. O Censo Demográfico do MEC de 2010 provou, também novamente, o óbvio, pela pobreza financeira e falta de estrutura governamental, que a taxa de crianças com 8 anos não alfabetizadas nos estados do Nordeste e Norte é bem superior à média nacional, de 15,2%. Há estados no Brasil em que uma em cada três crianças não aprende a ler e escrever na escola até 8 anos. E isso não pode continuar. A creche e a pré-escola estimulam esse processo. O programa será focado para que as crianças saibam ler e escrever e dominem as primeiras contas, porque essas duas ferramentas são decisivas para toda a vida escolar, outra obviedade acaciana dita pelo ministro da Educação.
Entre os estudantes gaúchos de Ensino Fundamental, a média de reprovação é de 13,1%, acima da média nacional que é de 9,6%. Os índices são maiores na rede pública. No Ensino Fundamental, a média de repetentes é de 14,1% nas escolas públicas e de 3,7% nas particulares. No Ensino Médio, são 22,2% nos colégios públicos e 8,1% nas escolas particulares, uma tristeza. E para afundar ainda mais o já periclitante orgulho gaúcho, o concurso público para o magistério estadual foi um fiasco. Mas quem busca carreiras na educação com os salários pagos? Aqui e em todo o Brasil? Temos que tomar pulso e fazer as coisas acontecerem. Nada de blindar mudanças sob a égide de direitos adquiridos. Debater com os interessados, tudo bem. Mas foi dito que a unanimidade é burra. Logo, em algum momento e que não seja muito demorado, alguém tem que bater na mesa e bradar: educação ou a morte do Estado e do País!
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