Mentes que visitam

sábado, 31 de dezembro de 2011

Ser ou não ser?


Em meus vinte poucos anos o que de mais importante extraí das experiências que tive é que não importa o quanto você se esconda, não interessa quantas desculpas você crie, quantas culpas você secrete, quantas mentiras você conte ... isso jamais mudará o que você é. Todos os universos e máscaras que você apresenta ao grande público nunca poderão te proteger de você mesmo e, principalmente, dos efeitos inerentes de cada uma de suas escolhas.

O lado bom de aceitar isso como a incontestável natureza da vida é que você não perde mais tempo se dedicando a impressionar, a causar impacto, a pintar uma frágil figura aquarelável que nada reflete quando exposta ao mais límpido dos espelhos, seus próprios olhos. Você percebe que o único que irá te julgar é você mesmo e, ao mesmo tempo, percebe que nenhum juiz conseguiria sinalar tamanha severidade em seus juízos. É a conquista da liberdade absoluta. É o poder incontestável.

Entretanto, isso termina com todas as velhas desculpas para qualquer que seja a situação. Não há vítimas, não existem culpados ou inocentes, sobram apenas suas decisões e o caminho irreversível que, com as próprias mãos, você traçou para si próprio. A auto-piedade torna-se ineficaz porque tudo que existe passa a ser reflexo direto do que você determinou que seria. O momento que você percebe e aceita tamanha responsabilidade sobre si mesmo, que passa a diferenciar a distinta relação simultânea de autor e narrador da sua vida, é, provavelmente, o mais significativo e solitário momento. Todavia, é o mais precioso encontro que você terá consigo mesmo e com a própria condição existencial dos seres.

Aceitar tudo isso ou não, também como o resto, é apenas uma possibilidade. Faça sua escolha.

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