Mentes que visitam

domingo, 13 de novembro de 2011

QUAL FOI A MAIS IMPORTANTE REVOLUÇÃO DO SÉCULO XX?



Seguramente não foi a revolução soviética, porque esta, assim como começou, acabou. Não foi a revolução tecnológica, porque o avanço da tecnologia produziu também o aquecimento geral do planeta, o que obstrui nossa visão do futuro. Por isso, costumo afirmar que a mais importante revolução do século XX foi aquela que se deu em torno da família, tendo como eixo principal a emancipação da mulher.

Essa, sim, é uma verdadeira revolução em marcha, da qual ainda há muitos frutos a colher. Isso desconcerta e supreende muita gente. Mas é importante saber que houve um "turning point", houve um momento de virada. Diz-se que o ano de 1968 ainda não acabou. Porque as mudanças que ali começaram tiveram o efeito de mudar a nossa vida e a das gerações seguintes: 1968 é o ano simbólico de uma juventude nascida no após-guerra, que se insurgiu contra o estado de coisas então vigente e fez com que o imutável e o tradicional caíssem por terra.

Rompeu com o princípio da autoridade paterna absoluta, reduziu a nitrato de pó de mico o tabu da virgindade, desmontou muitos dos mitos que sustentavam o poder masculino, e obrigou a que a idéia de família fosse inteiramente refeita: família não é mais apenas pai, mãe e filhos debaixo do mesmo teto, como uma unidade estática e singular. Família, nesses tempos pós-modernos, é uma estrutura ao mesmo tempo múltipla, variável e dinâmica. Tem menos filhos, tem vínculos mais instáveis, relações que podem se desfazer e refazer em novas relações, tem uniões não-formalizadas e uma sensível multiplicação de polos aglutinadores. O circuito familiar se diversifica: ora se dá em torno do pai divorciado, ora em torno da mãe, que vive com novo companheiro, ou vice-versa - ou todas essas opções somadas; irmãos novos chegam já maduros, novos irmãos nascem, nada é definitivo, tudo é solúvel e pode estar em constante transformação. 

No entanto, nem tudo se desmancha no ar. Esse sistema tão mutável, tão multidimensionado, tão flexível, só funciona bem e só é capaz de produzir felicidade pessoal e coletiva se tiver como centro de gravidade - verdadeiramente - a força do afeto, do apego, da amizade, do gostar, do querer bem. Se tiver, enfim, bem lá no fundo, em um lugar especial, essa coisa simples, preciosa e insubstituível que costumamos chamar de amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário