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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Literatura Brasileira no exterior: os 12 autores nacionais mais lidos no mundo

Ao contrário do que muitos podem pensar, nem só de Paulo Coelho vive a literatura brasileira no exterior. Ainda que, de fato, o escritor tenha entrado para o Livro dos Recordes, o Guinness Book, com sua obra O Alquimista – o livro mais traduzido do mundo (69 idiomas) – outros autores também conquistaram os leitores estrangeiros e vêm alcançando reconhecimento também em outros países. Mas conseguir que um livro seja publicado em outra língua está longe de ser um processo simples e exige muito mais do que talento na escrita.
Segundo o escritor Milton Hatoum, em entrevista ao Portal Literal, apenas 3% dos livros lançados todos os anos nos Estados Unidos são traduções de obras estrangeiras. Além das dificuldades com a tradução, as diferenças culturais também costumam fazer com que o enredo de um livro torne-se desinteressante para o público leitor de outro país. Agnes Krup, diretora da agência literária Sanford J. Greenburger Associates, concorda com a afirmação em entrevista à revista Veja e afirma que “mesmo que um editor americano esteja interessado e por dentro de determinada cultura estrangeira, outras pessoas participarão da escolha dos livros, como o diretor de vendas, o de marketing e o de publicidade, gente que provavelmente não fala uma palavra de outro idioma. Eles não vão apoiar um projeto que torne o trabalho deles mais difícil”. Talvez seja por esse motivo, a proximidade da língua, que alguns países europeus, sobretudo a França, são mais receptivos a traduções de obras brasileiras que os norte-americanos.
No entanto, nomes recentes no mercado literário brasileiro têm desafiado essa tendência e mostrado um avanço significativo na valorização de nossos livros no exterior. Dentre eles, podemos citar o escritor Bernardo Carvalho, que lançou o livro Nove Noites em 11 países e a escritora Patrícia Melo que com o livro Elogio da Mentira já está presente em pelo menos 20 países. Eduardo Spohr, escritor do livro A Batalha do Apocalipse, e Daniel Galera, autor de Mãos de Cavalo, também são apostas de sucesso, assim como o jornalista e estreante no universo literário Edney Silvestre. Seu primeiro romance, Se Eu Fechar os Olhos Agora, será publicado em pelo menos seis países. Mais veterano, Milton Hatoum já teve obras traduzidas para 17 idiomas e exibe na página principal de seu site, as capas de seus livros publicados no exterior.
Outra grande oportunidade para a literatura brasileira no exterior é a Feira de Frankfurt, na Alemanha, o maior evento internacional de livros do mundo que, em 2013, terá o Brasil como o grande destaque. Provavelmente, diversas editoras estarão à procura de autores brasileiros, repetindo a façanha de 1994, quando nosso país também foi destaque na feira e, depois do evento, o número de traduções de livros nacionais aumentou substancialmente, levando a literatura brasileira ao patamar de livros mais traduzidos na Alemanha (sede do evento). No entanto, no final dos anos 90, a falta de continuidade nos incentivos governamentais fez com que o ritmo da presença brasileira no exterior diminuísse consideravelmente.
Mas esse ano, diante da importância do evento de 2013, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, apresentou o programa federal de estímulo à internacionalização da literatura brasileira. O Programa de Apoio à Tradução e Publicação de Autores Brasileiros no Exterior prevê o investimento de pelo menos R$ 12 milhões ao longo dos próximos dez anos. Entre as várias iniciativas do programa, destaca-se um substancial aumento nos valores das bolsas de tradução e no apoio à reedição de obras de autores nacionais no exterior.
Para o escritor e jornalista norte-americano Benjamin Moser é preciso que o país divulgue mais sua cultura literária no exterior se quiser reconhecimento internacional. “Acho que o Brasil poderia fazer muito mais para promover a literatura brasileira internacionalmente. As pessoas fora do Brasil têm uma ideia muito vaga do país. Acho que desde Carmen Miranda não tem mudado muito”, afirma Moser que, em 2009, publicou Clarice, biografia de Clarice Lispector.
Mas, afinal, quem são os autores nacionais mais lidos no exterior? Em 2009, o projeto Conexões Itaú Cultural organizou o Mapeamento da Literatura Brasileira no Exterior. Já são mais de 192 autores mapeados e dentre eles, vários gêneros literários. Mas os clássicos parecem continuar sendo preferência internacional. Conheça a galeria dos 12 escritores mais lidos no exterior, com base nesse estudo.
Os 12 autores mais lidos no exterior
Além dos 12 listados, o mapeamento ainda conta com nomes como Gilberto Freyre, Roberto Schwarz, João Ubaldo Ribeiro, Lygia Fagundes Telles, Raduan Nassar, Ferreira Gullar e outros.
Gostou? Então, comente este post, compartilhando quais autores também deveriam fazer parte desta lista.

domingo, 13 de novembro de 2011

QUAL FOI A MAIS IMPORTANTE REVOLUÇÃO DO SÉCULO XX?



Seguramente não foi a revolução soviética, porque esta, assim como começou, acabou. Não foi a revolução tecnológica, porque o avanço da tecnologia produziu também o aquecimento geral do planeta, o que obstrui nossa visão do futuro. Por isso, costumo afirmar que a mais importante revolução do século XX foi aquela que se deu em torno da família, tendo como eixo principal a emancipação da mulher.

Essa, sim, é uma verdadeira revolução em marcha, da qual ainda há muitos frutos a colher. Isso desconcerta e supreende muita gente. Mas é importante saber que houve um "turning point", houve um momento de virada. Diz-se que o ano de 1968 ainda não acabou. Porque as mudanças que ali começaram tiveram o efeito de mudar a nossa vida e a das gerações seguintes: 1968 é o ano simbólico de uma juventude nascida no após-guerra, que se insurgiu contra o estado de coisas então vigente e fez com que o imutável e o tradicional caíssem por terra.

Rompeu com o princípio da autoridade paterna absoluta, reduziu a nitrato de pó de mico o tabu da virgindade, desmontou muitos dos mitos que sustentavam o poder masculino, e obrigou a que a idéia de família fosse inteiramente refeita: família não é mais apenas pai, mãe e filhos debaixo do mesmo teto, como uma unidade estática e singular. Família, nesses tempos pós-modernos, é uma estrutura ao mesmo tempo múltipla, variável e dinâmica. Tem menos filhos, tem vínculos mais instáveis, relações que podem se desfazer e refazer em novas relações, tem uniões não-formalizadas e uma sensível multiplicação de polos aglutinadores. O circuito familiar se diversifica: ora se dá em torno do pai divorciado, ora em torno da mãe, que vive com novo companheiro, ou vice-versa - ou todas essas opções somadas; irmãos novos chegam já maduros, novos irmãos nascem, nada é definitivo, tudo é solúvel e pode estar em constante transformação. 

No entanto, nem tudo se desmancha no ar. Esse sistema tão mutável, tão multidimensionado, tão flexível, só funciona bem e só é capaz de produzir felicidade pessoal e coletiva se tiver como centro de gravidade - verdadeiramente - a força do afeto, do apego, da amizade, do gostar, do querer bem. Se tiver, enfim, bem lá no fundo, em um lugar especial, essa coisa simples, preciosa e insubstituível que costumamos chamar de amor.