Mentes que visitam

sábado, 17 de agosto de 2013

10 principais erros do marketing de conteúdo




Por Eric Santos

Conteúdo é tudo no marketing digital, mas alguns erros são muito frequentes. Confira os principais.
Falar que “conteúdo é rei” no marketing digital já virou clichê, mas não deixa de ser verdadeiro. Não há nada mais poderoso para uma empresa atrair, converter e reter clientes. Não à toa que um dos meus primeiros textos aqui foi sobre como ter um blog para gerar resultados.

No meu convívio diário, vejo muitas empresas que já compraram essa ideia, mas acabam implementando errado e se frustram por não conseguir os resultados prometidos.
Compilei aqui os 10 principais erros que são cometidos com frequência. Se sua empresa faz um ou mais desses, ainda dá tempo de corrigir!

1. Não ter uma persona clara. Ter uma ideia muito clara do público-alvo e suas características é o ponto de partida básico. Há empresas que levam isso tão a sério que chegam a criar bonecos representando os seus clientes.

2. Ter todo o conteúdo somente sobre a própria empresa. Não adianta ter blog ou newsletter se tudo o que é publicado são fotos da última festa, anúncios de contratação ou aquisição de novo cliente. Esse tipo de conteúdo não pode passar de 10% do total.

3. Não ensinar. Esse seria o antídoto para o problema acima. Pense sempre em ensinar ao visitante algo sobre o tema do seu negócio, algo que ajude-o a resolver seus problemas reais. 

4. Escrever “bonito”. Muitos se empolgam com o papel de autor e tentam transformar seus textos em obras poéticas, cheio de metáforas e com linguajar rebuscado. Conteúdos eficientes são o oposto disso: curtos, objetivos e com recomendações práticas. 

5. Ser técnico demais. O objetivo de um blog não é impressionar os experts da sua área com textos que mais parecem artigos científicos. É preciso mastigar seu conhecimento e transformá-lo em conceitos simples de se assimilar.

6. Ser raso demais. Esse é o caso oposto. O conteúdo é tão raso que não transmite autoridade e não agrega nada. Geralmente, é um problema quando se terceiriza a produção para outras empresas ou estagiários inexperientes.

7. Não ter consistência. Assim como uma revista ou jornal, o conteúdo de uma empresa precisa ter consistência de formato e principalmente periodicidade, que é onde as empresas mais escorregam. Também é preciso ter paciência pois os resultados não vêm da noite para o dia.

8. Não ter conteúdo para os diferentes estágios de compra. Conteúdo educativo é fundamental, mas também é importante dar informações para prospects que estão mais avançados no funil. (Veja exemplos aqui)

9. Não escrever para o Google. Fazer conteúdo sem uma boa pesquisa de palavras-chave é dar tiro no escuro. Isso serve como um termômetro da demanda real e da competição por diferentes assuntos. Além disso, é importante usar técnicas básicas de SEO para garantir que as páginas sejam devidamente indexadas.

10. Não promover de forma inteligente. Ter ótimo conteúdo não é garantia para que o mesmo seja visto por muitos. É preciso promovê-lo nos canais próprios da empresa (e-mail, redes sociais, etc.) e alavancá-lo através de outras pessoas e veículos que já falam com a sua audiência. Essa é a parte mais old-school do marketing digital: são relacionamentos reais que garantem exposição virtual.

Eric Santos (@ericnsantos) é co-fundador e CEO da Resultados Digitais, empresa criadora do RD Station, plataforma de Marketing Digital para médias e pequenas empresas. 

Fonte: http://www.endeavor.org.br/

Como tornar uma idéia mais convincente


Por Guilherme de Souza 

Sabe quando uma informação falsa tem “cara” de verdadeira e acaba nos convencendo? Esse fenômeno, nomeado pelo comediante Stephen Colbert como “truthiness” (“verdadez”, em tradução aproximada), foi investigado recentemente por um grupo de pesquisadores da Nova Zelândia e do Canadá.

No estudo, eles apresentavam aos participantes afirmações como “o metal líquido dentro do termômetro é magnésio” e lhes perguntavam se a informação era verdadeira ou não. Quando vinha acompanhada de uma foto meramente ilustrativa (que tinha relação com a frase, mas não a confirmava), as pessoas mostraram uma tendência maior a acreditar na sua veracidade.



Os resultados são compatíveis com a ideia de que fotos podem ajudar as pessoas a absorver melhor uma informação tornando-a mais verossímil. “Nós sabemos que, quando é fácil levar uma informação à mente, ela ‘parece’ verdadeira”, aponta o pesquisador Eryn J. Newman, da Universidade Victoria University de Wellington (Nova Zelândia).

A “verdadez”, ou verossimilhança, pode influenciar a maneira como as pessoas absorvem informações acompanhadas por fotos em certos meios de comunicação (como jornais, sites e revistas) ou em materiais didáticos. “Nossa pesquisa sugere que essas fotos podem ter consequências não planejadas, levando as pessoas a aceitar informações mais por causa do que sentem do que pelos fatos”, destaca Newman.

Será que um vídeo pode aumentar ainda mais a verossimilhança de uma afirmação? Vamos esperar o próximo estudo sobre o assunto. [Science Daily]

Fonte: http://hypescience.com/


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

RIO GRANDE DO SUL, UM ESTADO DE FRONTEIRA

Ruben George Oliven - Antropólogo

O Rio Grande do Sul é geralmente considerado como ocupando uma posição singular em relação ao Brasil. Isso se deveria às suas características geográficas, à sua posição estratégica, à forma de seu povoamento, à sua economia e ao modo pelo qual se insere na história nacional. Apesar do estado ter uma grande diferenciação interna (do ponto de vista geográfico, étnico, econômico e de sua colonização), ele é freqüentemente contraposto como um todo ao resto do país, com o qual manteria uma relação especial, a ponto de ser às vezes chamado jocosamente por outros brasileiros de "esse país vizinho e irmão do Sul".
Historicamente, um tema recorrente na relação do Rio Grande do Sul com o Brasil é justamente a tensão entre autonomia e integração. A ênfase nas peculiaridades do estado e a simultânea afirmação do pertencimento dele ao Brasil se constitui num dos principais suportes da construção social da identidade gaúcha que é constantemente atualizada, reposta e evocada.
Primeiro haveria o que é chamado de "o isolamento geográfico do Rio Grande do Sul" e que seria responsável por sermos "um todo separado do mundo pelos areais litorâneos, pelos rios, pelas serras e pelas selvas"(1). A natureza, ao mesmo tempo que nos teria premiado com um espaço físico dos mais favorecidos e benéficos às atividades humanas, nos teria contemplado com uma posição de difícil acesso, ilhando-nos no Continente de São Pedro e fazendo com que este ficasse isolado por dois séculos do Brasil.
A essa peculiaridade geográfica somar-se-ia uma história sui generis. Ela inicia com uma integração tardia ao resto do país. Assim, embora descoberto no começo do século XVI, o Rio Grande do Sul só começa a se articular às atividades econômicas do Brasil colonial mais de um século depois através da preia do gado xucro cujo objetivo era a exportação de couro para a Europa que era feita através de Buenos Aires ou Sacramento. É recém no final do século XVII que estes rebanhos ganham importância a nível nacional pois passam a ter um mercado interno na florescente mineração da zona das Gerais, o que estimula paulistas e lagunistas a virem prear o gado xucro existente no Rio Grande do Sul e a levá-lo à área de mineração.
O objetivo da coroa portuguesa era, entretanto, o de povoar as terras que iam do sul de São Vicente até a Colônia de Sacramento (fundada por ela em 1680) e nesse sentido o Rio Grande do Sul desempenhava "uma função estratégica, como ponto de apoio para a conservação do domínio luso no Prata"(2). Isto faz com que no começo do século XVIII a Coroa começasse a distribuir sesmarias aos tropeiros que se sedentarizaram e aos militares que se afazendaram, criando-se assim as estâncias de gado. Os conflitos militares em torno da Colônia de Sacramento e as disputas relativas à delimitação de fronteiras significou uma crescente militarização da região, que em 1760 foi elevada à condição de capitania com o nome de Capitania do Rio Grande de São Pedro.
A posição estratégica do Rio Grande do Sul faz com que ele seja visto como uma área limítrofe que estaria nas margens do Brasil e que poderia tanto fazer parte dele como de outros países dependendo do resultado das forças históricas em jogo. Respondendo a uma escritora nordestina que considerava os gaúchos acastelhanados e pertencendo mais à órbita platina do que à brasileira, o romancista Érico Veríssimo assim definiu essa situação de liminaridade:
Somos uma fronteira. No século XVIII, quando soldados de Portugal e Espanha disputavam a posse definitiva deste então "imenso deserto", tivemos de fazer a nossa opção: ficar com os portugueses ou com os castelhanos. Pagamos um pesado tributo de sofrimento e sangue para continuar deste lado da fronteira meridional do Brasil. Como pode você acusar-nos de espanholismo? Fomos desde os tempos coloniais até o fim do século um território cronicamente conflagrado. Em setenta e sete anos tivemos doze conflitos armados, contadas as revoluções. Vivíamos permanentemente em pé de guerra. Nossas mulheres raramente despiam o luto. Pense nas duras atividades da vida campeira - alçar, domar e marcar potros, conduzir tropas, sair para faina diária quebrando a geada nas madrugadas de inverno e você vai compreender por que a virilidade passou a ser a qualidade mais exigida e apreciada do gaúcho. Esse tipo de vida é responsável pelas tendências algo impetuosas que ficaram no inconsciente coletivo deste povo, e explica a nossa rudeza, a nossa às vezes desconcertante franqueza, o nosso hábito de falar alto, como quem grita ordens, dando não raro aos outros a impressão de que vivemos num permanente estado de cavalaria. A verdade, porém, é que nenhum dos heróis autênticos do Rio Grande que conheci, jamais "proseou", jamais se gabou de qualquer ato de bravura seu. Os meus coestaduanos que, depois da vitória da Revolução de 1930, se tocaram para o Rio, fantasiados, e amarraram seus cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco - esses não eram gaúchos legítimos, mas paródias de opereta.(3)
Nessa citação, Erico Verissimo evoca elementos que são recorrentes no discurso gaúcho. O primeiro é o caráter de fronteira de nosso estado. O segundo é a escolha: o Rio Grande preferiu fazer parte do Brasil quando poderia ter optado por pertencer ao antigo Império espanhol. O terceiro é o alto preço pago por essa opção e que é representado pelas guerras em que o estado esteve envolvido e pela necessidade de se insurgir contra o governo central quando se sente vítima de injustiças ou de intervir na política nacional em momentos de crise. O quarto elemento é a existência de um tipo social específico - o gaúcho - marcado pela bravura que é exigida do homem ao lidar com as forças da natureza e a árdua vida campeira. Finalmente, o quinto elemento toca na questão da autenticidade de costumes e comportamentos. Temos também a presença das mulheres que aparecem na condição de enlutadas. Elas comparecem nesse texto de forma indireta como a conseqüência da ação beligerante dos homens. Mas é a elas, na condição de órfãs, viúvas e mães que perderam seus filhos que caberá com freqüência assumir a responsabilidade de sustentar a família. Elas criam (dão à luz) enquanto os homens destroem (matam).
O que se depreende desse conjunto de elementos é um clima de adversidades que têm de ser constantemente enfrentadas. A necessidade de garantir fronteiras, dominar a natureza, rebelar-se contra os desmandos do governo central, além os conflitos internos do próprio estado, ajudariam a explicar o caráter um tanto fogoso que já teria se incorporado ao inconsciente coletivo gaúcho.
As peculiaridades do Rio Grande do Sul contribuem para a construção de uma série de representações em torno dele que acabam adquirindo uma força quase mítica que as projeta até nossos dias e as fazem informar a ação e criar práticas no presente.
Ruben George Oliven
é Professor da UFRGS

Notas:1. PRUNES, Lourenço Mário. "O Isolamento Geográfico do Rio Grande do Sul". In: Fundamentos da Cultura Rio-Grandense.. Quinta Série. Porto Alegre, Faculdade de Filosofia da Universidade do Rio Grande do Sul, 1962, p. 143.
2.PESAVENTO, Sandra Jatahy. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1980, p. 13.
3. VERISSIMO, Erico. "Um Romancista apresenta sua Terra". In: Rio Grande do Sul: Terra e Povo. Porto Alegre, Globo, 1969, p. 3-4.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A homenagem que recebi

Dia dos pais

Não suporto estas propagandas de “dia dos pais” que tentam vincular a imagem paterna à imagem materna. Já estamos em 2013 e ainda tem gente que insiste em perpetuar o discurso de que cuidar da criança é obrigação da “mamãe”, se o “papai” quiser ajudar isso será considerado com pontos extras e ele poderá ocupar o topo da escala de classificação paterna, ou seja, ser considerado quase uma mãe. Fala sério, que tipo de publicitário acredita que essa lógica pode, de alguma forma, estar homenageando a figura paterna? Quer dizer que ser um pai incrível, segundo os publicitários de fundo de quintal, é parecer com uma mãe – mas não uma mãe qualquer, e sim uma mãe estereotipada que, atualmente, só existe em propaganda e retrato de família – será isso mesmo?

Se não pode fugir dos rótulos, tudo bem, mas não dá pra engolir uma dita homenagem que sempre coloca, mesmo que nas entrelinhas, a figura do pai abaixo da figura materna. A ideia é que quanto mais parecido um pai for com uma mãe, melhor pai ele será ... não consigo entender. E olha que as propagandas não poupam esforços para tentar “equiparar” a imagem do pai ao “modelo de mãe”: tem propaganda com pai com criança no colo no meio da noite, tem pai na cozinha, pai na escola, pai de avental preparando café da manhã ... tudo em tons pastéis, com a mãe ao fundo observando sorridente ...
Apresentar um pai cujo maior potencial na vida de um filho é ser uma versão barbuda da mãe é, no mínimo, dizer que o papel dele é, inevitavelmente, de coadjuvante. Mas ... se assim querem os publicitários que sejam assim seus pais, só digo que esses aí não me convencem e, para ser sincera, não chegam nem aos pés do meu pai!

Meu pai nunca se pareceu com a tal figura de mãe-modelo (na verdade, nem minha mãe-mãe). Meu pai não passou noites em claro embalando berço, não ficou me segurando para evitar minhas quedas, não me defendeu das consequências de meus próprios atos e não me incentivou a ter auto-piedade ... meu pai passou longe de ser como a tal “mãe-modelo”, mas, certamente, ele conquistou meu respeito e, sem querer, se tornou meu modelo de pai.
Enquanto as mães-modelo ninavam seus filhos, meu pai desligava o som e se concentrava em garantir meu futuro. Essa tarefa o impediu de comparecer em quase todas as festas da escola, mas, ao mesmo tempo, permitiu que eu aprendesse a admirar o trabalho duro e a dedicação perfeccionista de quem quer fazer sempre melhor. Meu pai não pôde me ler muitas histórias, mas ele me mostrou os livros e me ensinou como escrevê-los.

Se as mães-modelo não mediram esforços para proteger suas crias do mundo, meu pai optou por uma caminho mais duro: ele me apresentou o mundo para mim. Sem restrições ou maquiagem, meu pai me mostrou todos os mundos, os submundos e todas as possíveis formas de se olhar para eles. Meu pai não me apontou o caminho, ele me deitou no chão e me mostrou que eu podia criar novas rotas, traçar novos ângulos e me arriscar um pouco mais. Meu pai me mostrou que andar pra trás me faz cair, manter os olhos vendados também e que, talvez, por mais alto que eu grite pode ser que ninguém responda meu chamado. Meu pai, hoje sei, teve medo de partir antes que eu pudesse lamber minhas próprias feridas.

Nunca vi meu pai entre as mães-modelo que transitavam na minha escola esmolando notas ou pedindo explicações acerca do desempenho dos filhos, meu pai não foi até lá. Todavia, meu pai me mostrou que eu deveria ser a maior responsável pelo meu futuro porque eu seria a única pessoa que, segundo ele, jamais iria me faltar. Quando explicações precisaram ser dadas, elas foram exigidas de mim, assim mesmo, na cara e de supetão ... meu pai me ensinou assim ... Sem saber o que aprendia, me tornei capaz de analisar, julgar e criticar meus próprios atos; foi com meu pai que aprendi a argumentar e a lutar pela justiça.

Meu pai foi o durão mais doce do mundo, pois negou a si próprio qualquer coisa que pudesse me “estragar”. Talvez fosse mais fácil me deixar totalmente à vontade, mas ele sabia que mais tarde o mundo iria exigir que eu fosse mais humilde e menos voluntariosa – por isso ele teve que se negar o direito de fechar os olhos e se abster. Meu pai sabia que muitas atitudes consideradas engraçadinhas com pouca idade, tornam-se traços que não serão perdoados mais tarde.

Meu pai abnegou o direito de me criar para ele e se dispôs a formar um ser humano para o mundo. Mas ele não me permitiu fincar meus dedos no centro do mundo, ele me colocou no meio, no tumulto, me tornando uma pessoa singular, mais uma, mas nunca uma qualquer ... meu pai não se permitiu ficar comigo abrindo caminho, facilitando o meu e o seu trabalho. Ele me entregou ao mundo com uma bússola, uma mochila e com um guia constituído dos exemplos que ele, tenho certeza, se esforçou muito para prover. Teve que confiar no trabalho árduo que ele teve durante todos esses anos ...

Meu pai abriu mão de ser a “mãe-modelo” de propaganda, que se agarra aos filhos mantendo-os tão perto que os torna imóveis, para me ver caminhar para longe com os joelhos esfolados ... Sim, meu pai sempre escolheu o papel mais difícil. Hoje, entendo que ele fez isso exclusivamente para garantir que eu fosse capaz de partir, de deixá-lo ... meu pai abriu mão de muita coisa e tudo que esperou ganhar em troca foi a certeza de ter formado um ser humano competente o suficiente para construir a própria vida e extrair do mundo toda felicidade e beleza que for capaz de enxergar.
Se existe amor maior que esse, desconheço ... mas também, aprendi a amar com meus pais e, como deu pra ver, eles, os dois, sempre foram meio fora de modelo.

Pai, te amo muito, sempre! Obrigada por tudo! 
*

terça-feira, 6 de agosto de 2013

As táticas para descobrir mentiras em uma negociação




Por Camila Pati, 

“A negociação, da mais simples a mais complexa, é um grande contar de histórias”, diz Álvaro Martins, professor de negociação da BSP – Business School São Paulo. Pois neste enredo, os especialistas admitem que, dependendo do negociador, pode haver blefe, omissões e também algumas mentiras.

“Apesar de ser comum, com algumas técnicas é, sim, possível descobrir mentiras, só que mais no longo prazo do que no curto”, diz Roberto Nascimento Azevedo de Oliveira, que ministra curso de férias de compra estratégica na ESPM. E é justamente isso que EXAME.com foi investigar. Como descobrir uma mentira em uma negociação?

Na opinião de Martins, dá pra perceber quando o enredo apresentado pelo negociador apresenta falta de consistência. “Não dá pra afirmar que é mentira, mas é possível notar que há algo estranho”, diz o professor da BSP. Confira os pontos que merecem atenção na hora de avaliar uma negociação para não ser enganado:

1. Firmeza na fala
“Pode haver algum problema quando a pessoa que está negociando não tem firmeza na fala, começa a gaguejar e se enrola”, explica Martins. Mas, de acordo com ele, ao perceber este sinal, o negociador deve ficar alerta, mas não é necessário já tomar o interlocutor como mentiroso e sair da negociação. “Pode parecer mentira, mas pode ser despreparo”, diz ele.

Isso acontece porque, de acordo com ele – e também com o professor Oliveira – o segredo de uma boa negociação está na preparação. “A base é a preparação, ou seja, é construir um enredo que possa se fazer crível para quem ouve”, diz Martins. Estudar e pesquisar antes de sentar-se à mesa de negociação vale tanto para evitar a falta de firmeza quanto para fugir de armadilhas.

“Caso perceba que o interlocutor está gaguejando o ideal para diferenciar o despreparo de uma mentira é insistir no ponto em que apareceu a dúvida e pedir mais informações, dando abertura e ajudando o interlocutor a continuar na franqueza”, diz Martins. Caso note que o negociador continua dissimulando ou tropeçando em alguns pontos, não feche negócio naquele momento.

2. Falta de estruturação ou argumentação inadequada
Mentiras, omissões ou blefe também ficam mais evidentes quando o negociador começa a usar argumentos inadequados e não estruturados, de acordo com Martins. “Quando a história não está bem estruturada e o negociador usa uma argumentação inapropriada, também há indícios de que a coisa não está redonda”, diz Martins.

Atente se o interlocutor não está tornando o assunto complexo demais. “É que nem quando você vai a uma palestra e a pessoa não sabe muito do assunto do qual vai falar e acaba complicando o tema e se enrolando”, diz Martins.
Com o sinal de alerta aceso, o mais prudente é voltar aos pontos que não ficaram claros antes de avançar na negociação.

3. Velocidade da fala
Pesquisas indicam que os mentirosos falam mais palavras por minuto do que quem diz a verdade. “Uma dar formas de detectar uma mentira é por meio da linguagem. A velocidade da fala pode mudar no momento da mentira”, diz Oliveira.

Portanto, preste atenção a um negociador que, no momento da negociação comece a falar muito rápido. “Ou muito devagar”, pondera o professor da ESPM. “É uma negociação, deve-se falar o suficiente, nem mais nem menos, para que a história pareça crível”, acrescente Martins.

4. Expressão corporal
“Quando a pessoa transparece insegurança, não olha nos olhos”, lembra Martins, ressaltando que a comunicação também é fisiológica. Por isso, ele recomenda prestar atenção aos sinais do corpo. “É o mexer dos olhos, o desvio de olhar, um gesticular excessivo”, explica.

É importante fazer isso, porque, segundo Martins, o mentiroso geralmente fica tão focado em defender a sua mentira, que acaba relaxando na postura e na expressão corporal. “Aí acontece de o gesto não combinar com a fala, por exemplo,”diz.

Mas os especialistas alertam: nem com todo o preparo e foco em gestos e palavras durante a negociação podem ser suficientes. “Às vezes é um tão bom contador de mentiras que usa que usa a expressão corporal para enganar”, diz Martins.

“O segredo para descobrir se é verdade ou mentira é o tempo. O ideal é estabelecer um relacionamento porque quando você conhece a pessoa, a mentira pulsa mais forte, é mais fácil saber se ela está faltando com a verdade”, recomenda Oliveira.

Fonte: http://revistaalfa.abril.com.br/